O anúncio da ajuda financeira à Espanha foi recebida de formas diferentes na Grécia, com os conservadores a insistirem na presença na zona euro e a coligação de esquerda Syriza a apelar para uma nova resposta à crise.
O anúncio da ajuda financeira à Espanha foi recebida de formas diferentes na Grécia, com os conservadores a insistirem na presença na zona euro e a coligação de esquerda Syriza a apelar para uma nova resposta à crise.
“Reflictam. Enquanto um país como a Espanha negoceia, há quem considere que devemos sair e isolar a Grécia da Europa”, declarou hoje Antonis Samaras, o líder da Nova Democracia (ND, conservador), numa alusão velada à Syriza, a coligação de esquerda dirigida por Alexis Tsipras que defende a anulação do actual memorando de entendimento e a renegociação da dívida grega em caso de vitórias nas legislativas de 17 de Junho.
As acusações entre os dois partidos, com intenções de voto muito semelhantes segundo as últimas sondagens, têm aumentado na etapa final de uma campanha muito radicalizada e centrada na questão da permanência de Grécia na zona euro.
“Mas, felizmente, a par do caminho da irresponsabilidade existe a via da responsabilidade”, acrescentou Samaras durante uma acção eleitoral.
“A lição a extrair dos acontecimentos em Espanha é a oposta à conclusão de Samaras”, respondeu a Syriza em comunicado. “O único caminho para recuperar a dignidade e a prosperidade dos povos europeus é rejeitar as políticas de austeridade e de recessão sobre as quais assenta o memorando e não aceitar em bloco as consequências do memorando”, considerou o partido.
“Os recentes desenvolvimentos em Espanha confirmam a posição que defendemos desde o início”, indicou por sua vez Tsipras em entrevista hoje publicada no diário de Atenas Avgi. “Comprova-se que a crise é um problema pan-europeu e a forma como foi abordado até agora foi completamente ineficaz e desastrosa no plano social”, acrescentou.
Por sua vez, o líder do Pasok (socialistas moderados), Evangelos Venizelos, considerou em conferência de imprensa que a decisão do Eurogrupo sobre Espanha anunciada no sábado, e que vai implicar uma ajuda financeira para a recapitalização do sector bancário, “tem uma enorme incidência sobre a Grécia”.
“A rapidez com que os parceiros europeus e o FMI reagiram ao pedido da Espanha, com uma ajuda aos bancos espanhóis até 100 mil milhões de euros, demonstra que está em preparação uma rede de segurança para a zona euro”, disse em conferência de imprensa o ex-ministro das Finanças.
O líder do Pasok, o partido mais penalizado nas inconclusivas legislativas de 6 de Maio com 13,2% de votos (contra 44% em 2009) também apelou à formação de um governo de unidade nacional. “É claro que os cidadãos gregos querem um governo em 18 de Junho. Um governo que trabalhe para a permanência do país na zona euro”, sublinhou.
Venizelos também criticou a Syriza e a ND por “bloquearem” a situação política devido à ausência de acordo entre as duas formações favoritas ao escrutínio.
O líder do Pasok apresentou ainda uma proposta de oito pontos dirigida a todos os partidos com representação parlamentar – à excepção do Partido Comunista que defende a saída da União Europeia e à extrema-direita da Aurora Dourada – para que o país permaneça na zona euro.
Venizelos sugere a formação de um governo de unidade nacional que aplique todas as reformas necessárias, incluindo alterações na Constituição, negoceie uma suavização na aplicação das medidas de austeridade que acompanham o segundo plano de resgate da Grécia e medidas para a recuperação económica.
FONTE: Jornal de Negócios