Grande parte das associações e cooperativas agrícolas da província do Namibe tem dificuldades em reembolsar o crédito da campanha 2010/2011, no total de 165,257 milhões de kwanzas, afirmou, ao Jornal de Angola, o director provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
Gabriel Félix atribui as dificuldades ao facto da maioria dos camponeses não ter obtido quaisquer rendimentos das culturas naquela campanha destruídas pela seca.
O director provincial disse que o montante em dívida é resultado de um crédito total avaliado em 219,226 milhões de kwanzas, do qual foram reembolsados 44,447 milhões, 20 por cento do total.
António Cauta, agricultor da povoação da Macala, município do Namibe, declarou que na época agrícola em curso a situação se pode repetir e atingir, até, maiores proporções, pois “a seca tem sido mais impiedosa” do que na época agrícola anterior.
Nesse caso, os camponeses que auferiram de crédito são penalizados com juros de mora, o que agrava as condições de reembolso.
“Se chovesse em pleno, teríamos resultados que reduziriam as possibilidades de estarmos como agora estamos, descapitalizados e quase hipotecados à banca”, referiu Hélder Pinto, outro dos agricultores que beneficiou do crédito agrícola. A solução, salientou, é o Executivo voltar a conceder crédito agrícola para a próxima época, mesmo aos camponeses endividados, o que ajudava a viabilizar os reembolsos.
A actividade pecuária também enfrenta dificuldades causadas pela falta de água e de pastos igualmente devido à seca.
A província tem cerca de meio milhão de bovinos e número significativo de cabras, ovelhas e suínos. Face à situação assiste-se já à transumância. Também se verifica o roubo de gado que é atribuído a contrabandistas oriundos de outras províncias. Estas situações têm merecido a atenção do Executivo que decidiu que sejam disponibilizadas para a província dez toneladas de feijão, por intermédio do Instituto de Desenvolvimento Agrícola (IDA), para socorrer os camponeses dos municípios mais afectados, principalmente Camucuio e Bibala. A isto juntam-se 25 toneladas de sementes de horto frutícolas para o aproveitamento da humidade da baixa de rios e vales.
Gabriel Félix afirmou não haver problemas de maior, pois todos os prejuízos causados pela seca são cobertos pelo Fundo de Garantia criado pelo Executivo.