O director da Agência das Nações Unidas para o Comércio Mundial e o Desenvolvimento (UNCTAD) exigiu, na quarta-feira, a extinção das agências de “rating”.
“As agências de ‘rating’ deviam limitar-se a avaliar empresas e não Estados, que são uma matéria muito complexa, pois ignoram frequentemente muitos aspectos positivos”, afirmou Heiner Flassbeck à televisão alemã ARD.
O ministro grego dos Negócios Estrangeiros disse, no mesmo dia, que as agências de notação “cometem loucuras” como a decisão da Moody’s de descer a classificação de risco de Portugal e a da Standard and Poor’s de colocar a Grécia em quase falência.
Na terça-feira, “a Moody‘s baixou a notação de Portugal, mas essa descida não se baseou no facto de Portugal não estar a fazer as reformas necessárias, mas na hipótese de o país voltar a precisar de ajuda”, frisou Stavros Lambrinidis.
“Conseguem ver a loucura desta profecia?”, questionou terça-feira o chefe da diplomacia grega numa conferência de imprensa. A agência de notação Standard and Poor’s afirmou recentemente que a participação de bancos privados num novo resgate da Grécia pode levar a uma suspensão selectiva de pagamentos e colocar o país num estado de quase falência. Stavros Lambrinidis salientou a importância de acabar com a “retórica de punição” em relação ao seu país, adoptada sobretudo pela Alemanha, lembrando que a economia alemã obteve grandes vantagens com a introdução da moeda e do mercado únicas.O ministro grego recordou que “o aeroporto de Atenas foi construído, em grande parte, por empresas alemãs e pago com fundos europeus”.
A agência de notação financeira Moody’s cortou, na terça-feira, em quatro níveis o “rating” de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de “lixo” (junk).
Luís Nazaré, um economista português, disse, à Lusa, que o corte do “rating” de Portugal pela Moody’s é a confirmação do “comportamento incompetente e lesivo das economias europeias periféricas”, mas também da incompetência das agências de notação, que pelas regras do mercado, já deviam ter desaparecido.
“Este corte significa a confirmação das motivações e do comportamento incompetente e lesivo das economias europeias, principalmente das periféricas, mas não só, também das agências de notação”, afirmou horas depois de a Moody’s ter cortado o “rating” de Portugal para “lixo”.
in JA