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    África Ocidental deve preocupar-se mais com integração do que com conflitos

    O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano defendeu hoje que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deve preocupar-se mais com a integração regional do que com os conflitos nos países-membros.

    Em declarações à agência Lusa, no final da sessão de abertura do “atelier de reflexão” subordinado ao tema “Integração Regional Sustentável na África Ocidental e na Europa”, promovido pelo Instituto da África Ocidental (IAO), José Luís Rocha defendeu também uma harmonização de práticas democráticas e uma “melhor governança” do poder político.

    “A CEDEAO, devido às crises recorrentes na região, tem investido a maior parte do seu tempo na gestão de conflitos e tem dedicado menos atenção àquilo que interessa, que é o desenvolvimento e a integração regional”, frisou o governante cabo-verdiano.

    No entender de José Luís Rocha, a questão dos conflitos nos Estados-membros da CEDEAO, integrada por 15 países, entre eles Cabo Verde e Guiné-Bissau, “deve ser deixada para outras instâncias mais importantes”, como a União Africana (UA) ou as Nações Unidas.

    “Deverá haver também uma melhor governança no papel da autoridade política, nomeadamente dos chefes de Estado, na tomada de decisões. Deve ser um processo muito mais inclusivo e terá de ter em conta a opinião de todos os Estados e não apenas a posição de um, dois ou três presidentes”, defendeu.

    Outra preocupação manifestada por José Luís Rocha tem a ver com a harmonização de práticas partilhadas de governação democrática na região oeste-africana.

    “Muitos países fazem referência aos princípios democráticos, mas não temos a mesma prática da democracia no plano institucional, político, concreto, no terreno”, defendeu.

    Também à Lusa, o presidente do Conselho de Administração do IAO, José Brito, ex-chefe da diplomacia cabo-verdiana, deixou críticas ao “tempo que a Comissão da CEDEAO perde” na gestão e resolução de conflitos.

    “Existe um certo número de conflitos na região e todas as reuniões políticas dos chefes de Estado estão dirigidas para a resolução. A própria Comissão, que tem a responsabilidade de apoiar o processo regional, está completamente ocupada, passa 90 por cento do tempo, a fazer viagens entre os países em conflito e não há decisões sobre a integração regional”, salientou.

    “Daí o nosso apelo aos investigadores africanos para dizer stop. Somos uma organização de integração regional e há outras organizações, como a UA, habilitadas para resolver os conflitos. Temos de levar a Comissão da CEDEAO a preocupar-se mais com a integração regional”, concluiu José Brito.

    O encontro reúne na capital cabo-verdiana responsáveis académicos da Alemanha, nomeadamente do Centro de Estudos para a Integração Europeia (ZEI) da Universidade de Bona, Costa do Marfim, França, Senegal e Cabo Verde.

    A ideia do encontro promovido pelo IAO, instituição criada em 2010, com sede na Cidade da Praia e que tem como diretor-geral o investigador do Benim John Igue, é pensar e propor medidas que devem conduzir a uma renovação do processo de integração regional na África Ocidental.

    A CEDEAO integra Cabo Verde, Guiné-Bissau, Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Libéria, Mali, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.

    FONTE: Lusa

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