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    África acusa Ocidente de actos de ingerência

    A crise na Líbia e a necessidade da paz e segurança, a unidade e a solidariedade do continente marcaram ontem, em Malabo, capital da Guiné Equatorial, as intervenções dos Chefes de Estado e de Governo na cerimónia de abertura da 17.ª Sessão ordinária da Conferência da União Africana (UA), onde o Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, foi representado pelo Vice-Presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos.
    O presidente em exercício da União Africana, Teodoro Obiang Nguema Mbasongo, avisou o Ocidente que África quer que os países e organizações extra-africanas que têm o poder do uso da força não intervenham na solução dos assuntos do continente, sem o consenso dos próprios africanos. Ao fazerem-no, disse o anfitrião do encontro, estão a incorrer numa clara violação do Direito Internacional e da soberania dos Estados.
    “África não aspira resolver os problemas da Europa, Ásia ou América, mas sim resolver os seus próprios problemas. África nunca foi um continente conquistador, colonizador, muito menos explorador”, sublinhou o também Chefe de Estado da Guiné Equatorial, que foi muito aplaudido durante a sua intervenção.
    Teodoro Obiang Nguema lamentou o facto das últimas decisões adoptadas pela cimeira ordinária da UA, em Janeiro deste ano, em matéria de resolução de conflitos, terem “caído em letra morta e completo esquecimento”. Disse acreditar que o encontro de Malabo “é uma ocasião que abre grandes perspectivas para um diálogo mais amplo, uma concertação directa entre líderes de todo o mundo, um diálogo e uma comunicação sem intermediários entre as partes”.
    Teodoro Obiang Nguema defendeu que a União Africana deve adoptar o princípio “a união faz a força e a força faz-nos maiores”, para demonstrar que tem voz e visão próprias e que é capaz de assumir responsabilidades no continente e no contexto internacional: “alimentamos a esperança de que esta conferência seja mais proveitosa e inspiradora com a sabedoria dos seus líderes, aqui reunidos”, frisou.
    O Chefe de Estado da Guiné Equatorial lançou um repto aos seus homólogos africanos: “Estamos seguros de que o passado nos aponta lições valiosas para o presente e o futuro. A conferência da União Africana deve ser um novo ponto de partida que nos conduza à solidez das nossas instituições, à unidade de África e à solidariedade dos governos e seus povos”.
    O presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, disse esperar que os Chefes de Estado tomem uma deliberação sobre a actual situação na Líbia. Defendeu o respeito pela liberdade constitucional, tendo acrescentado que devem ser os líbios a escolherem o seu destino. Na sua intervenção, Jean Ping manifestou a disposição da Comissão da União Africana de trabalhar para a paz e o desenvolvimento do continente.

    Lula propõe reformas

    O mais aplaudido entre as individualidades que discursaram na cerimónia de abertura da 17.ª Cimeira de Chefes de Estado da UA foi o antigo Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos convidados para o acto. Nomeado pela sua sucessora, Dilma Roussef, Lula falou da sua experiência como Presidente do Brasil durante dois mandatos consecutivos, tendo falado sobre a atenção que se deve dar à juventude. O tema central da Cimeira de Malabo é “acelerar a formação da juventude para o desenvolvimento sustentável”.
    Lula da Silva disse que colocar a juventude entre as prioridades não constitui problema. Pelo contrário, sublinhou, é uma solução, na medida em que a maior parte da população mundial é jovem. Lula lembrou que durante os oito anos que esteve à frente dos destinos do Brasil o seu governo criou 15 milhões de empregos formais, o que aumentou a auto estima da população, principalmente da juventude.
    Lula defendeu a reestruturação das Nações Unidas, organização que ele considera de “insuficientemente representativa”.

     

     

     

    Fonte: Jornal de Angola

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