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    Advogados queixam-se de ‘pressões externas’ no caso Quim ribeiro

    David Mendes e Afonso Mbinda, ambos advogados dos familiares das vítimas do “caso Quim Ribeiro” em julgamento desde 10 de Fevereiro no Supremo Tribunal Militar (STM), desistiram nesta quarta-feira,21, do processo que vinham defendendo, alegando haver “ pressões externas desde que se começou a procurar a investigação dos factos sobre o que estava passando desde o início do julgamento”.

    O advogado David Mendes explicou a O PAÍS que depois de ter conversado com o réu Joaquim Vieira Ribeiro (Quim Ribeiro) durante duas horas, na semana passada, com a autorização dos seus advogados e do adjunto do Procurador Geral da República, Adão Adriano, obteve garantias de que o antigo comandante da Polícia na capital aceitaria falar nas próximas sessões para facilitar o julgamento. Referiu que foi depois disso que as pressões e ameaças aumentaram contra si e contra o seu colega, havendo inclusive a revogação de procuração de pessoas estranhas ao seu mandato.

    “Senhoras que não sabem ler nem escrever foram-lhe impostas para fazer isso. Não conhecemos essas senhoras. Nós enquanto advogados falámos com uma das esposas do falecido Joãozinho que sempre nos confiou mandato, porque o malogra tinha nas Mãos Livres e no David Mendes como seu advogado e que ela não ia renunciar a isso”, afirmou.

    David Mendes alega existir pessoas que não pretendem que se descubra a verdade, avançando que durante a conversa com Quim Ribeiro deu para perceber de que o que ele tinha evitado falar no dia 23 de Fevereiro perante o tribunal, e que se o fizesse o país não sabia como ia acordar no dia seguinte ,não se tratava de simples ameaça para se defender, mas efectivamente de coisas graves que podem comprometer algumas figuras de topo ligadas ao poder político. “ E como sei também destas coisas depois da conversa que tive com ele, e para se evitar que os advogados da acusação forçassem para se revelar a verdade, inventaram tudo isso”, desabafou.

    Segundo o advogado, em momento algum remeteram cartas ao tribunal para renunciarem à defesa dos seus constituintes antes de ter sido tomada a decisão nesta quartafeira. “Mas o Tribunal já sabia que renunciámos, quem levou esta carta se nós não mandámos nenhuma ao Tribunal”?, interrogou-se, afiançando que durante o julgamento notavase o medo em muitas pessoas que não pretendem que se revele toda a história dos factos. “ Há uma certa pressão de algumas pessoas que não querem que se diga a verdade do que ocorreu tanto do assassinato, assim como do desvio de dinheiro, receando de que se tudo vier à tona pode arrumar a vida profissional destas e despoletar outros casos que os poderá levar também às barras do Tribunal”, acrescentou.

    Instrumentalização
    David Mendes disse haver pessoas instrumentalizadas para complicar a defesa da acusação, justificando que é inconcebível que haja uma foto montada de carrinha de marca hilux de cor branca que presumivelmente tinha sido utilizada pelos algozes de Joãozinho e Mizalaque numa esquadra policial do Comando de Divisão de Viana e que o comandante desconhece quem a terá ali colocado. “Esqueceram-se de que o chefe dos Ireneu Mujoco David Mendes, advogado da Associação ‘Mãos Livres’ Daniel Miguel jacinto figueiredo Serviços de Informação(SINFO) de Viana esteve no mesmo dia no local do assassinato com uma viatura igual, e porquê não é convocado pelo Tribunal, como suspeito”?, questionou-se.

    Para o advogado, o que todos pretendem Tribunal, familiares, arguidos e declarantes -, é que seja feita justiça para que todas as partes saiam satisfeitas deste processo. “Terão de ser encontrados os verdadeiros autores morais e materiais deste crime, e isso não vai ficar impune porque o Tribunal está no encalço da situação.
    Estamos num Estado democrático e de direito onde as coisas devem ser esclarecidas sem a coação de quem quer que seja para o bem da nossa justiça”, defendeu. Na sua visão “nem que o julgamento demore meses, mas os prevaricadores terão de ser descobertos pela justiça”.

    Reconhecimento
    O causídico disse reconhecer a competência do juiz que está a conduzir o caso e de quem espera um desfecho positivo, apesar de haver pressões externas que pretendem inviabilizar o curso normal do processo. “Reconheço a competência do juiz que está a conduzir o processo. É uma pessoa que está comprometida com a lei e com a justiça. Os que estão a ser julgados se são ou não os autores, o Tribunal chegará à conclusão, mas é preciso que não haja essas pressões externas que pretendem atrapalhar o processo”, afirmou.

    A seu ver, pela isenção, rigor e lisura que o juiz vem patenteando não acredita que seja influenciado para determinar a sentença, “porque tem estado a dar prova de ser uma pessoa transparente e que quer buscar a verdade. Acredito que as pessoas que pretendem impedir a verdade estão enganadas, porque a mesma há-de vir ao de cima. Foram mortas duas pessoas e têm de aparecer os autores deste crime”, referiu.

    David Mendes argumentou que os que pretendem inviabilizar o bom andamento do processo, na tentativa de se conseguir à força a liberdade dos seus superiores hierárquicos ou subordinados, não o conseguirão, reiterando que se pretende apenas encontrar a verdade dos factos.

    Referiu que enquanto advogados da acusação as perguntas técnicas feitas durante as sessões inquietaram muita gente. “Nós tínhamos de fazê-lo porque estamos comprometidos com a justiça e mais nada, não importa de que lado ela esteja, embora tenha incomodado a muito boa gente”, disse.

    O advogado explicou que a sua presença e a do colega neste processo tem apenas como finalidade procurar a justiça, “mas nunca o direito, porque nem sempre o direito significa justiça. Foi isto que procuramos fazer enquanto advogados do malogrado Joãozinho. Ainda ele na cadeia de Viana fomos obtendo informações relatando alguns factos que colocavam a sua vida em risco. Dias antes de morrer, colegas nossos foram ter com ele, e, em seguida, eu pessoalmente”, justificou sobre a alegada renúncia feita por supostos familiares do malogrado, mas que ele denuncia como pessoas estranhas utilizadas por pressões externas para facilitar a desistência dos advogados da “Mãos Livres”.

    Fonte: OPAÍS

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