A Primeira-Dama da República, Ana Paula dos Santos, elogiou, no domingo, em Luanda, o tenor angolano Nelson Ebo, que estuda nos Estados Unidos, pela forma como prestigia Angola no estrangeiro.
Ana Paula dos Santos, que falava à imprensa no final de um concerto na Casa 70, comemorativo do 14º aniversário daquele espaço, que teve a participação do tenor Nelson Ebo, disse sentir-se orgulhosa por haver um talento angolano a brilhar no estrangeiro.
“É preciso dizer que este momento foi sentido e não ouvido. Estou muito orgulhosa por saber que ele é angolano”, referiu.
A Primeira-Dama lembrou que há muitos artistas angolanos com talento, que apenas precisam de ser descobertos.
“Os talentos existem e precisam de ser descobertos e polidos para poderem brilhar. Estou orgulhosa de haver um angolano com toda esta capacidade e potencial”, insistiu.
Angola, declarou, deve orgulhar-se por “Deus ter concedido a Nelson Ebo um dom sagrado”.
“Espero que continue a espalhar pelo mundo todo o seu talento e que consiga preservar a sua linda voz”, concluiu.
Mais investimentos
O tenor Mário Gama, que também assistiu à gala da Casa 70, disse, que Nelson Ebo “transcendeu as expectativas e conseguiu inclusivamente surpreender europeus, asiáticos e americanos no canto lírico e na ópera”.
Nelson Ebo, afirmou o músico, é um potencial cantor, que nasceu com um dom e “o seu potencial, reconhecido em Espanha, Itália e França, mostra que Angola é um celeiro de cantores líricos e de outros estilos musicais”.
Nelson Ebo, referiu, é um artista de grande talento e projecção, que ainda não tira o rendimento que pode do seu potencial.
“É importante, agora, pensar na criação de um Conservatório de Música Nacional e de mais escolas de música”, sugeriu o tenor Mário Gama e recordou que é fundamental que haja mais professores de canto com formação.
Abertura do mercado
Nelson Ebo disse, ao Jornal de Angola, que Angola tem mais talentos na música lírica, com quem já esteve em contacto, como são os casos de Jéssica Santos, Valdemar e Manuel Mendes, que “apenas precisam de uma maior aposta”. “Espero que haja maior abertura no mercado para proporcionar a outros artistas as mesmas oportunidades que eu tive de mostrar as minhas capacidades no estrangeiro”, desejou.
Nelson Ebo, que estuda canto no Estado Unidos, disse estar satisfeito por, 11 anos depois, poder ter vindo a Angola: “Foi bom rever a família, amigos e colegas e confirmar o grande desenvolvimento que o país regista”, destacou.
Depois de ter ganho vários concursos e participado em concertos na Europa e na América, o tenor permanece agora inactivo durante um mês “para recuperar a voz”.
Na ópera, referiu, há regras que têm de ser cumpridas, como dar descanso com frequência à voz. “Apesar disso, revelou, tenho a agenda preenchida até ao final do ano”. O tenor agradeceu à Primeira-Dama Ana Paula dos Santos o apoio que lhe deu e prometeu representar Angola com dignidade e “espalhar a magia dos clássicos angolanos pelo mundo”.
Actuação brilhante
No espectáculo, com duração de duas horas, além do tenor angolano, actuou a soprano canadiano Chloe Hunter que, como Nelson Ebo, foi acompanhada pelo pianista norte-americano David Loton.
Entre os vários temas interpretados pelos artistas cantaram-se clássicos angolanos, como “Muxima”, e internacionais, como “Conte partiro”, “Be my love” e “Je vre vivre”.
O director-geral da Casa70, Carlos Cunha, disse, no final do espectáculo, que ao longo de 14 anos a promotora primou sempre pela qualidade: “Para nós, a palavra de ordem é qualidade, que tem sido a chave do nosso sucesso e ajudado a manter um público fiel”.
Nelson Ebo que nasceu em Luanda, em 21 de Setembro 1984, começou a cantar no coro da igreja da Santa Bárbara, no bairro da Coreia, onde foi descoberto por Mário Gama. Em 2001, a convite da Companhia de Cooperação da Embaixada da Espanha, partiu para Madrid, onde viveu durante oito anos e fez a primeira audição no Conservatório de Música de Madrid, tendo ficado em primeiro lugar entre mais de cem candidatos de vários países.