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    A Pedra do Sol Asteca

    A Pedra do Sol Asteca (também chamada de Calendário Asteca) é um enorme bloco de basalto (rocha vulcânica) com um intrincado relevo esculpido em uma face. Pesando 24 toneladas, ela mede 3,6 metros de diâmetro por 98 centímetros de espessura.

    A pedra fazia parte do complexo arquitetônico do Templo Mayor, de Tenochtitlán, a capital asteca. Possivelmente foram os conquistadores espanhóis que a removeram, em algum momento entre 1551 e 1572 quando eles destruíram muitos templos e palácios astecas para erguer a Cidade do México.

    A redescoberta da Pedra do Sol

    A Pedra do Sol foi encontrada em 1790, durante as obras no Zócalo, a praça principal da Cidade do México. Havia sido deliberadamente enterrada com a face esculpida virada para baixo.

    Na mesma época, foram encontradas a famosa estátua da deusa Coatlicue e a Pedra de Tizoc. O astrônomo e antropólogo mexicano Antonio de León e Gama estudou a Pedra do Sol e afirmou que se tratava de um grande relógio de sol e que marcava, também, os solstícios e equinócios. A partir de então, a pedra foi erroneamente considerada um dispositivo astronômico.

    Assim considerada, a pedra foi fixada em uma das torres da Catedral do México. Tornou-se atração turística, sendo apelidada de “Relógio de Montezuma”.

    Um altar para sacrifício

    A Pedra do Sol foi objeto de intensos estudos desde o final do século XIX. O arqueólogo mexicano Alfredo Chavero que propôs tratar-se de um altar de sacrifício chamado de cuauhxicalli, em nahuatl. Esses altares costumavam ser decorados com motivos de animais, geralmente águias ou jaguares, tendo uma depressão no centro onde eram depositados os corações das vítimas. Outros eram altares redondos, como a Pedra do Sol, sobre os quais era colocada a vítima.

    Essa interpretação é a mais aceita pelos historiadores. Neste sentido, a Pedra do Sol não ficaria exposta na vertical como um relógio, mas fixada sobre uma plataforma como sugere a grande borda de pedra irregular à sua volta. Originalmente, ela estava colocada no chão e possivelmente ungida com sacrifícios de sangue.

    Pedra do Sol asteca, basalto, século XV, 3,6 m de diâmetro, 98 cm de espessura, 24 toneladas.

    Os símbolos da Pedra do Sol

    Os motivos escultórios que cobrem sua superfície parecem ser um resumo da complexa cosmogonia mexica.

    No topo da pedra está um glifo de data (13-cana) correspondente ao ano 1427, início do “Sol” atual, o quinto e último de acordo com a mitologia asteca, e ano que iniciou o governo de Itzcoatl, o quarto tlatoani (título do governante) de Tenochtitlan, reinou de 1427 a 1440.

    No centro da pedra está uma representação de Tonatiuh, o Senhor Turquesa, o deus asteca do quinto Sol. Em outra interpretação, é a representação do monstro da terra primordial Tlaltecuhtli, neste último caso representando a destruição final do mundo quando o Quinto Sol cairia sobre a terra.

    Representação colorida da Pedra do Sol. Os números indicam os quatro sois astecas (leitura no sentido anti-horário). A face central seria do quinto sol.

    A língua estendida como uma lâmina é, talvez, uma alusão à faca sacrificial e, saindo, sugere a sede de sangue e sacrifício exigido pelo deus.

    De cada lado da face central estão duas cabeças ou patas de jaguar, cada uma segurando um coração, representando o reino terrestre.

    Ao redor da face central estão quatro blocos quadrados com símbolos dos quatro sóis (ou eras) anteriores. Começando do canto superior direito está o primeiro sol Nahui Ocelotl (4-Jaguar) e seguindo em sentido anti-horário, o segundo sol Nahui Ehécatl (4-Vento), o terceiro sol Nahui Quiáhuitl (4-Chuva) e o quarto sol Nahui Atl (4-Água), no canto inferior direito.

    Os sóis são denominados pelo nome do dia em que ocorreu sua destruição final:

    o primeiro sol (4-Jaguar) durou 676 anos e foi destruído por jaguares gigantes;

    o segundo sol (4-Vento) durou 364 anos e terminou com furacões terríveis;

    o terceiro sol (4-Chuva) durou 312 anos e acabou com uma chuva de fogo;

    o quarto sol (4-Água) durou 676 anos e chegou ao fim por chuvas tão fortes que o céu caiu.

    A duração das eras – 676, 364 e 312 anos – deve ser entendida segundo a concepção de tempo asteca. Todas essas cifras são múltiplos de 52, sendo que 52 anos é a duração de “1 século” asteca. Assim:

    676 anos são 13 séculos astecas,

    364 anos são 7 séculos astecas,

    312 anos são 6 séculos astecas.

    A sequência é 13, 7, 6 e 13 (e também 7 mais 6 é 13).

    Cada vez que um ciclo de 52 anos se encerrava, celebrava-se a cerimônia do Fogo Novo.

    A pedra indica, também, que os astecas estavam vivendo a era do Quinto Sol que, segundo o mito mexica, nasceu em Teotihuacán.

    Ao redor dos sóis, a pedra mostra dois círculos ou anéis. O primeiro anel contém os vinte dias do calendário religioso (tonalpohualli). Os dias começam logo acima da face central, com o dia crocodilo (cipactli) e seguem no sentido anti-horário até chegar ao dia flor (xochtl), o vigésimo e último dia.

    O segundo anel decorativo cercado por outro anel com símbolos das pedras turquesa e jade que representam os equinócios e solstícios e as cores dos céus.

    Finalmente, o anel externo da Pedra do Sol é composto por dois grandes dragões ou serpentes de fogo (xiuhxoatl) cujos corpos são divididos em seções e trazem chamas nas costas, terminando em uma cauda pontuda. Essas seções poderiam representar os 52 anos que formam 1 século asteca.

    As cabeças das serpentes se encontram abaixo da face central. Suas grandes narinas dobram para trás e são decoradas com símbolos de estrelas. Em suas bocas abertas aparecem os rostos do deus sol Tonatiuh e do deus do fogo Xiuhtecuhtli.

    As quatro direções cardeais e colaterais também estão indicadas com pontos maiores e menores, respectivamente.

    A Pedra do Sol era originalmente colorida destacando as cores azul, amarelo, vermelho e preto.

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