Quinta-feira, Maio 16, 2024
14.4 C
Lisboa
More

    O adeus de Bento XVI a Cuba

    Perante milhares de fiéis, Bento XVI celebrou, na Praça da Revolução, em Havana, uma missa de despedida do povo cubano, poucas horas antes de deixar a ilha.

    O Sumo Pontífice lançou nesta homília um novo apelo à mudança e à abertura política no regime comunista, um assunto que dominou as suas intervenções nos três dias que permanceu em Cuba.

    Ontem, numa peregrinação à basílica da Virgem da Caridade do Cobre, patrona da ilha, o Papa rezou por todos os que estão privados de liberdade e pelos que estão separados daqueles que amam, numa alusão às centenas de prisioneiros políticos do regime dos irmãos Castro e aos exilados.

    Uma oração de esperança para as Damas de Branco, as mulheres que se manifestam semanalmente pela libertação dos seus familiares, e que acreditam que a passagem de Bento XVI pode mudar as coisas:

    “É muito importante para nós, cubanos, que o Papa venha com uma mensagem de amor, de liberdade e de confiança, de fé e de paz. Isto é exatamente o que os cubanos precisam”, afirma Berta Soler Fernandez.

    A Igreja Católica tornou-se na última década a instituição mais influente no terreno social em Cuba e um dos principais interlocutores do regime na negociação de algumas mudanças.

    Bento XVI encontrou-se em privado com o presidente Raul Castro e, antes de deixar a ilha, encontra brevemente Fidel Castro.

    Euronews: A visita do Papa a Cuba colocou a ilha no centro das atenções e renovou a esperança de mudanças económicas e políticas.

    O presidente Raul Castro introduziu algumas reformas no sistema ao estilo soviético, mas até onde está disposto a ir? E de que forma pode a Igreja Católica contribuir para a criação de uma sociedade mais aberta?

    Para responder a estas questões, falamos com a journalista Christiane Amanpour que se encontra em Havana.

    Na sua opinião que impacto é que a visita do Papa vai ter no futuro de Cuba?

    CA:“Bem, é difícil de dizer, mas posso explicar porque é que as pessoas estão a ser um pouco hipócritas. Estive aqui há 14 anos quando João Paulo II veio a Cuba e a esperança era enorme, mas pouco mudou.

    Nos últimos sete anos foram introduzidas algumas reformas económicas, mas não políticas.
    Ontem, um dos ministros cubanos excluiu a hipótese de se virem a realizar, no caso de ainda existirem dúvidas. Não vai haver reformas políticas, mas as económicas vão continuar.

    Por outro lado, o que a visita do Papa fez em 1998 foi aumentar a influência da Igreja Católica e é isso que esperam que continue a fazer. Na verdade esta é a única instituição reconhecida. Mas as mudanças serão lentas e ninguém antecipa qualquer explosão doméstica, nenhuma revolução como temos visto no mundo Árabe. E esta é a situação no momento.

    Euronews: A igreja continua a ser a maior e mais influente instituição em Cuba à margem do governo, claro. O Vaticano afirma ter feito vários apelos humanitários durante esta visita que estarão, possivelmente, ligados aos prisioneiros políticos. Estará Raul Castro pronto a escutar?

    CA: “Nós perguntamos e todos perguntaram ao Papa. Terá abordado a questão dos prisioneiros políticos ou qualquer outra específica durante o encontro com Raul Castro? O porta-voz do Vaticano garante que o Papa aborda sempre este tipo de questões, mas recusou-se a dar pormenores. Ele é menos carismático, menos direto e procura evita o confronto, neste tipo de situações.”

    Euronews: Assistimos a incidentes durante a missa papal quando um homem gritou: “abaixo o comunismo.” Acabou por ser levado pelas forças de segurança e, segundo dissidentes políticos, foi fortemente agredido. Teve alguma informação sobre este homem ou sobre o seu paradeiro.

    AC: “Não temos qualquer informação. A pergunta foi feita a elementos da igrega e do governo, bem como, às pessoas que estão a monitorar o que acontece aos dissidentes. Ninguém tem ideia do que aconteceu a esse homem. Mas é com certeza uma lição para aqueles que possam estar a pensar seguir o exemplo. Sejamos honestos, se um país anfitrião de uma figura de topo, seja um Papa ou um chefe de Estado, se vê confrontado com uma situação idêntica, vai tentar levar a pessoa dali. Mesmo em países democráticos. A verdadeira questão é saber o que aconteceu a essa pessoa e neste momento, e neste caso concreto, não sabemos.”

    Fonte: Euronews

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Excesso de capacidade na indústria siderúrgica da China se espalha para os mercados de exportação

    Uma investigação do Ministério do Comércio da Tailândia poderá ampliar as medidas anti-dumping contra bobinas de aço laminadas a...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema