Em preparação para o que se espera ser uma campanha eleitoral tensa, o promotor do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, enviou uma equipe jurídica a Nairobi para reunir potenciais provas de violência eleitoral, segundo escreveu a publicação “Africa Intelligence”.
Para este ano, estão previstas duas grandes eleições no continente, em Angola e no Quénia em Agosto de 2022. “Estas eleições irão influenciar as trajectórias políticas dos países e são susceptíveis de aumentar as tensões e a violência, particularmente no Quénia”, segundo um relatório do Conselho para a Paz e Segurança (CPS) da União Africana, divulgado recentemente pelo Instituto de Estudos e for Segurança na África do Sul.
No caso do Quénia, as eleições de 2022 “estão destinadas a ser altamente contestadas e disputadas, esperando-se violência eleitoral”.
O actual Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, está impedido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato, tendo procurado modificar a estrutura do Executivo e tentou criar uma grande coligação reunida na Iniciativa para Construir Pontes (BBI, na sigla em inglês).
Esta grande coligação reunida na Iniciativa para Construir Pontes propôs-se, através de uma alteração constitucional, criar novos cargos, incluindo os de primeiro-ministro e vice-ministros, para tornar os ministros membros do parlamento e atribuir um cargo ao líder da oposição.
O Supremo Tribunal do Quénia rejeitou, no entanto, a proposta, que considerou inconstitucional. A saída de Kenyatta deixa espaço aberto à concorrência, ao qual o antigo vice-presidente William Ruto e o líder da oposição de longa data, Raila Odinga, aparecem na linha da frente para preencher.
Este será um ponto de viragem nas carreiras políticas de um e outro, e provavelmente a última oportunidade de Odinga chegar à presidência do país.
“O resultado das eleições, contudo, será em grande parte decidido pelo destino dos votos do círculo eleitoral de Kenyatta, que irá querer aproveitar a sua capacidade de influência em favor de um determinado candidato”.
O colapso da coligação reunida na Iniciativa para Construir Pontes retirou a possibilidade de um executivo de influência alargada, e Kenyatta viu reforçada a sua posição política, considera o Conselho.
De acordo com informações, a comunidade internacional tem as atenções viradas para as eleições de Angola e do Quénia.

(DR)
Angola sob vigilância internacional…
No caso de Angola as autoridades tem aumentado o tom de voz acusando a oposição de estar por detrás dos descontentamentos da população.
Paralelamente, o Presidente João Lourenço fez aprovar um pacote eleitoral, em finais do ano passado, que tornaram legal todas as irregularidades que se vinham cometendo alastrando as desconfianças à volta da realização das eleições de Agosto de 2022.
Há poucas semanas, a Comissão Nacional Eleitoral de Angola contratou a consultora espanhola INDRA, reputada como sendo especialista em fraude eleitoral no mundo e com vários processos internacionais, por ter ajudado regimes da américa latina a chegarem ao poder por métodos fraudulentos.
Em recente entrevista ao Jornal O Kwanza, a pesquisadora Paula Cristina Roque, lembrou que “a INDRA está associada a várias irregularidades de eleições passadas – embora nunca fossem provadas, de forma concreta – e por isso há um grau elevado de suspeição.”
“Desde 2008 que a INDRA tem desempenhado um papel na logística e funcionamento do processo eleitoral que deram vitória ao MPLA com pouca transparência no destino dos milhões de boletins de votos sobresselentes, e com nenhuma monitorização e fiscalização dos partidos da oposição e sociedade civil. Ou seja, parece haver uma conivência grande entre o MPLA e a INDRA que não favorece confiança no processo eleitoral – para que as eleições possam ser verdadeiramente justas e transparentes. Existem muitas empresas mundialmente que poderão assistir no processo eleitoral e nenhuma chegou a ganhar o concurso publico. Porque?”, questionou a analista.
De lembrar que a comunidade internacional passou a equacionar a fraude eleitoral aos golpes de Estado razão pela qual procuram evitar eleições fraudulentas tais como impediram as de Agosto de 2021, na Zâmbia.