Domingo, Maio 28, 2023
15.4 C
Lisboa
More

    António Estote, Economista: “O FMI veio legitimar apenas algumas medidas de austeridade que se exigiam”

    O economista faz um balanço das políticas e reformas do Governo com o apoio do FMI e apresenta soluções para a saída da crise. Entre críticas, deixa recados sobre o combate à inflação, cuja solução passa pelo aumento da oferta de bens alimentares e não pela via administrativa, como tem feito o BNA.

    Angola está num ciclo de recessão de onde parece ser cada vez mais difícil de sair. No seu entender, o que e” que o futuro próximo nos traz?

    Estamos a caminhar para a sexta recessão. A situação que vivemos hoje é bastante crítica, porque continuamos a produzir cada vez menos e continuamos a nascer cada vez mais. Ou seja, o bolo que temos é cada vez menor para dividir por um grupo cada vez maior de cidadãos.

    E isso leva-nos a situações sociais bastante difíceis. Basta olhar para a taxa de desemprego, sobretudo nos mais jovens, e leva-nos a questões como a delinquência, a prostituição, o uso excessivo de drogas. Do ponto de vista económico, olhando sobretudo para a satisfação de necessidades das populações, estamos numa situação bastante crítica que exige medidas sérias e temos que arregaçar as mangas.

    O que é que está a dificultar a saída desta crise?

    Primeiro devemos conhecer muito bem os princípios das políticas económicas que adoptamos. Estamos a falar no âmbito da consolidação fiscal, que se baseava num princípio em que devíamos ter saldos orçamentais positivos para ver se conseguimos reduzir a nossa divida pública ou governamental.

    Então, no âmbito da consolidação fiscal o Governo concebeu um conjunto de programas para diminuir o peso do Estado, temos a própria reforma do Estado que reduziu o número de órgãos ministeriais e outras acções que o Governo implementou no âmbito da consolidação orçamental do lado da despesa.

    Mas, em contrapartida, assistimos ao mesmo Governo desmobilizar os fundos do Fundo Soberano para um programa que e” o PIIM. Ou seja, por um lado que- remos reduzir as despesas, mas por outro pegamos em recursos que estavam guardados, para projectos da dimensão do PIIM, e estamos a falar, por exemplo, de projectos de terraplanagem, que quando voltar a cair uma chuva tem que voltar a fazer terraplanagem.

    Em vez de termos projectos de terraplanagem no PIIM fazia mais sentido comprar equipamentos para as administrações municipais, gastar em máquinas. Mas a obra pública dá emprego… Podemos fazer uma análise puramente económica sem a questão social e a questão política.

    Porque a intervenção na actividade económica, a intervenção na produção e distribuição de bens e serviços visam satisfazer uma necessidade, que e” a necessidade de pessoas, logo, naturalmente é algo social. Mas essa sociedade desenvolve-se dentro de uma conjuntura, que é a questão política.

    É bem verdade que quem é governo tem todo o interesse em manter-se e do ponto de vista económico há medidas e políticas. É normal que em épocas destas haja tendência de se realizar despesas com um pendor muito político.

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Angola: 27 de Maio 1977

    A última vez que vi o José Van Duném (Zé) foi na noite de domingo, dia 22 de maio...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema