Rui Fonseca e Castro foi ouvido no âmbito de procedimento disciplinar. Provocação a polícias à porta alvo de participação ao Ministério Público.
O juiz Rui Fonseca e Castro, que nega a existência da pandemia covid-19, insultou, esta terça-feira, os membros do Conselho Superior da Magistratura (CSM), quando estava a ser ouvido por estes na sequência do processo disciplinar de que é alvo e que propõe a sua expulsão. “Os senhores sabem, são cúmplices, deviam ter vergonha. Contribuem para a corrupção que existe neste país”, declarou. Sempre num tom de voz elevado e arrogante, foi várias vezes chamado à atenção, mas em vão.
“O doutor está mais próximo de ser presidente do Supremo Tribunal de Justiça de Marrocos ou da Guiné Equatorial. É esse o prestígio que tem. A sua vaidade e o seu narcisismo não lhe valem de nada. E o mesmo se aplica a todos os outros como é óbvio”, afirmou, dirigindo-se ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Henrique Araújo. Acusou ainda um membro do CSM de ser da maçonaria. “O senhor está a rir-se, mas provavelmente já andou em rituais bizarros de avental com outros homens”.
Fonseca e Castro foi suspenso pelo Conselho por manifestar-se nas redes sociais contra a pandemia e depois de interromper um julgamento por o procurador e o funcionário judicial se terem recusado a tirar as máscaras, no Tribunal de Odemira. O arguido começou também por exigir que todos tirassem a máscara para se identificarem. “Com as caras tapadas não sei quem são”. Contrariados, acederam. Um dos conselheiros ainda ripostou, dizendo ao juiz que podia consultar o seu nome no site do CSM.
À entrada para a audiência, o juiz já tinha provocado os polícias que vigiavam os seus apoiantes. “Não me toque e ponha-se no seu lugar. Eu sou uma autoridade judiciária e o senhor está abaixo de mim”, disse a um agente. A PSP não comenta, mas o JN sabe que será feita participação ao Ministério Público (MP). A Associação Sindical de Juízes Portugueses “repudia o comportamento de desafio ostensivo e gratuito” do juiz.

(Foto Sofia Cristino / Jn)
Acusa CSM de “desonestidade”
O magistrado considerou ontem o processo de que é alvo uma “desonestidade intelectual” só equiparada à não pronúncia de José Sócrates pelos crimes de corrupção. Criticou ainda o facto de o relatório do processo basear-se só em documentos da Organização Mundial de Saúde, da DGS e da comunicação social.