Na Guiné-Bissau, a missão das Nações Unidas, a UNIOGBIS está prestes a deixar o país no final do mês após 21 anos de presença, sendo que o seu processo de retirada começa simbolicamente amanhã com uma cerimónia oficial.
Chegada na Guiné-Bissau na sequência do conflito político-militar de 1998-1999, esta missão tinha por objectivo contribuir para a pacificação e estabilização política do país. Contudo, durante as mais de duas décadas em que a missão permaneceu na Guiné-Bissau, o país vivenciou crises políticas contínuas, nomeadamente o assassínio ainda por esclarecer do antigo Presidente Nino Vieira em 2009, bem como o golpe de Estado de 2012.
Na hora dos balanços, as opiniões são diversas, tanto mais que esta missão parte numa altura em que o país se encontra mergulhado num novo período de incerteza, com algum mal-estar institucional e a hipótese abertamente evocada de uma dissolução do Parlamento.
Muito embora reconheça que “noutros campos, a UNIOGBIS conseguiu fazer algumas reformas”, nomeadamente no sector da segurança, o analista político Diamantino Lopes, considera que “até hoje, o país continua a viver crises cíclicas”, que “a missão (da UNIOGBIS) era resolver esse problema” e que “nesse campo não conseguiu”.
Para Diamantino Lopes “a UNIOGBIS não foi de certa forma bem acolhida pelos actores políticos nacionais porque visava um determinado objectivo que é a estabilização do país e nem todos estão interessados nisto.” Daí que “a situação pode piorar, porque dá para perceber que não há disponibilidade para o essencial que é o diálogo”, refere o analista antes de acrescentar que, na sua perspectiva, “a Guiné-Bissau precisa de assistência”.