O reconhecimento consta do livro de condolências assinado, ontem, pelo Chefe de Estado, durante a cerimónia das exéquias, no Comando do Exército.
O Presidente da República, João Lourenço, afirmou, ontem, em Luanda, que o país perdeu um dos seus melhores filhos, com o desaparecimento físico do general Kundi Paihama, que dedicou toda a sua vida às causas da liberdade e do progresso social de Angola.
O reconhecimento consta do livro de condolências assinado, ontem, pelo Chefe de Estado, acompanhado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, durante a cerimónia das exéquias, no Comando do Exército.
Na mensagem, João Lourenço destacou as inúmeras qualidades do antigo ministro da Defesa Nacional. “Kundi Paihama era fiel aos ideais e princípios pelos quais acreditava e lutava, destemido perante os perigos e desafios da luta, humilde, popular e falante de várias línguas nacionais, qualidades que o distinguiam”.
O Chefe de Estado acrescentou: “nesta hora de despedida, gostaríamos de realizar uma grandiosa homenagem à dimensão da sua trajectória e do seu contributo prestado ao país, mas lamentavelmente estamos limitados pelas circunstâncias do momento crítico que o mundo atravessa”.
Realçou que milhares são os colegas, companheiros de armas e amigos, dentro e fora do país, que gostariam de estar presentes para o último adeus mas, infelizmente, esta é a homenagem possível.
A ÚLTIMA ENTREVISTA DE KUNDI PAIHAMA À TPA – YOU TUBE-24-7-2020
No livro de condolências, o Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, rendeu honras e glórias a Kundi Paihama.
O presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, descreveu o também deputado, que suspendeu o mandato por motivos de doença, como um “patriota de convicções profundas, lutou com muita coragem e determinação pela liberdade, paz e reconciliação nacional”.
Em declarações à imprensa, o líder parlamentar sublinhou que “Angola perdeu um companheiro de luta, amigo sempre presente e solidário”.
O chefe do Estado Maior General das FAA, Egídio de Sousa e Santos, lembrou que esteve com Kundi Paihama muitas vezes nos tempos mais difíceis da guerra, no Cunene. “Combatemos juntos numa época em que ele era ministro da Segurança do Estado e o (Pedro) Mutindi governador da província, e eu comissário da 5ª região militar. Na época, recebemos ordens para cuidar do Presidente Sam Nujoma até à Independência da Namíbia”.
A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, considerou Kundi Paihama uma figura incontornável da História do país e intrépido dirigente que sabia cumprir, muito bem, as missões que lhe eram confiadas. “Vai servir de inspiração às novas gerações, pela sua forma de ser”, sublinhou.
O embaixador da Namíbia, Patrick Nandago, recordou Paihama como um grande combatente. Para Esther Armenteros, embaixadora de Cuba, “Kundi Paihama foi companheiro de armas, amigo e camarada e viverá para sempre nos corações dos angolanos e cubanos”.
Dino Matrosse fala em amizade muito forte
Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, deputado e antigo secretário-geral do MPLA, disse ao Jornal de Angola que conheceu Kundi Paihama depois da Independência.
“Conheci o camarada Kundi Paihama enquanto governador do Cunene e criamos uma amizade muito forte. Nos chamávamos chefe amigo um ao outro”, lembrou.
Para “Dino Matrosse”, os 75 anos de idade não justificam a sua morte, mas sim, o envenenamento que foi alvo, associado às diabetes, terão acelerado a sua morte e deixa o legado de bravura, tenacidade e um verdadeiro combatente da linha da frente.
Para Mário Pinto de Andrade, entre as várias memórias o destaque recai para a célebre frase “vamos fazer guerra para acabar com a guerra”. Por outro, depois dos acordos de Bicesse, lembrou, foi o general Kundi Paihama que recebeu o líder da UNITA, Jonas Savimbi, em Luanda, enquanto governador da província.
O ex-secretário de Estado da Comunicação Social Celso Malovoloke disse que, enquanto funcionário sénior das Nações Unidas, acompanhou a intervenção do general Kundi Paihama, ao negociar a abertura de corredores humanitários para o reabastecimento da população civil nas zonas sob o controlo da UNITA. “Na altura já defendia que a população não podia sofrer mais por causa da guerra e, enquanto governador e comandante, sentia-se na obrigação de fazer alguma coisa para ajudar o povo”, lembrou.
O general Eusébio de Brito Teixeira, ex-governador do Cuanza-Sul, lembra de ter sido apoiado por Kundi Paihama, depois de uma intervenção militar na fronteira com a vizinha República da Zâmbia.
Contou que, na altura, as tropas da UNITA faziam acções na zona do Rivungo e Xangongo. Depois das investidas, recuavam para a Zâmbia e houve uma necessidade de desactivar esta unidade. “Enquanto comandante decidi fazer uma intervenção, ao ponto de atravessar o rio Cuando, o que gerou conflito com a Zâmbia e ficou esclarecido que o limite fronteiriço com Angola ia até 13 quilómetros depois das margens do Rio Cuando.”