TV Globo teve acesso a depoimento e a imagens das buscas da polícia. PM reformado e ex-PM estão presos apontados como executores da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
O dono de um barco disse à polícia que foi contratado para fazer um passeio e que, no meio do mar da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, um homem jogou vários fuzis e outras armas na água.
A Divisão de Homicídios suspeita que parentes do homem apontado como assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes jogaram a arma usada no crime, uma submetralhadora MP-5, no mar.
Os repórteres Leslie Leitão e Eduardo Tchao da TV Globo tiveram acesso ao depoimento do barqueiro e a imagens que mostram a busca da polícia pelo armamento no mar, realizadas desde o fim de março, com apoio da Marinha (veja no vídeo acima).
O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz estão presos desde março apontados como os autores do assassinato de Marielle e Anderson, em 14 de março de 2018.
Contratação do barqueiro
Dias depois da prisão PM reformado e do ex-PM, segundo a investigação, um homem identificado como Márcio Montavano, o Márcio Gordo, teria retirado as armas de endereços ligados a Lessa e contratado um barqueiro da região do Quebra-Mar, na Barra.
Segundo a polícia, além de Márcio, participaram da ação a mulher de Lessa, Elaine, o irmão dela, Bruno, e um homem chamado Josinaldo. À princípio, o barqueiro foi contratado apenas um passeio até as Ilhas Tijucas, para a prática de pesca submarina.
Em depoimento à Divisão de Homicídios, no entanto, o barqueiro disse que o homem que o contratou tinha outra intenção. Ele afirmou que foi contratado por R$ 60, colocou no barco uma caixa de papelão pesada e uma mala de viagem. O barqueiro contou que achou que ali estariam um arpão e alguns equipamentos de pesca.
Ainda de acordo com o barqueiro, ao chegar nas Ilhas Tijucas, o homem abriu a mala, tirou seis fuzis e jogou as armas no mar – inclusive a bolsa.
O dono do barco disse ainda que o homem abriu a caixa de papelão de onde retirou várias caixas menores, de cores amarela e azul, e também as jogou no mar. Logo depois, ele pediu que eles voltassem ao Quebra-Mar.
Ainda segundo o barqueiro, assim que chegou no Quebra-Mar, o homem que jogou as armas no mar lhe deu R$ 300 para pagar o transporte. Em seguida, chamou um táxi e foi embora.
Ainda de acordo com o depoimento, o barqueiro disse que já tinha visto o homem em um bar. Contou que ele parecia ter entre 30 e 35 anos, era de cor parda clara, tinha corpo esbelto e braços cheios de tatuagem.
A Divisão de Homicídios e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, o Gaeco, já sabem que o homem é um amigo de Ronnie Lessa.
Dias depois da prisão do policial reformado, investigadores fizeram buscas no mar da Barra, como antecipou o G1 em reportagem publicada no dia 23 de março.
Buscas por armas no mar
Mergulhadores da polícia, da Marinha e do Corpo de Bombeiros tentaram encontrar as armas que supostamente foram jogadas ao mar, principalmente, a metralhadora MP-5, usada no crime, mas não acharam nada.
Nesta semana, a esposa, o cunhado e dois amigos de Ronnie Lessa foram ouvidos na Delegacia de Homicídios da Capital. Eles são suspeitos de atrapalhar as investigações do caso Marielle.
A polícia descobriu que no dia da prisão de Lessa, dois homens com roupas de policial tentaram entrar à noite no apartamento dele em Jacarepaguá, mas não conseguiram.
No dia seguinte, segundo as investigações, um homem entrou no apartamento e saiu do prédio com uma caixa.