TSF | Anselmo Crespo
O presidente da comissão informou, esta quarta-feira, os coordenadores dos vários partidos que o ex-primeiro-ministro se recusa a ir presencialmente responder aos deputados. Sócrates só aceita responder por escrito.
Era um dos nomes mais esperados na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. A audição do ex-primeiro-ministro, José Sócrates, foi inicialmente pedida pelo Bloco de Esquerda, mas acabou por ser acompanhada pelos restantes partidos.
Há duas semanas, numa reunião de coordenadores desta comissão, o Bloco de Esquerda propôs que Sócrates, afinal, pudesse responder apenas por escrito, uma ideia que não colheu junto do PSD, que insistia na presença do ex-primeiro-ministro no Parlamento. O convite acabou por seguir para a morada de José Sócrates.
Mas a resposta que veio, na volta do correio, foi negativa. Esta quarta-feira à tarde, o presidente da comissão, Luís Leite Ramos, informou os vários coordenadores dos partidos, que José Sócrates se recusa a ser ouvido presencialmente e apenas aceita responder por escrito às perguntas dos deputados. Um direito que tem, por ser ex-primeiro-ministro.
Na mesma reunião, desta quarta-feira, o Partido Socialista chegou a sugerir que a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, também pudesse responder por escrito. Uma ideia que a própria recusou, fazendo questão de estar presencialmente na segunda comissão de inquérito que está a analisar a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos.
Sócrates, o “elefante” no meio da comissão de inquérito à CGD
O nome já foi, por diversas vezes pronunciado nas várias audições que já foram feitas. Uma das mais recentes, foi a Carlos Santos Ferreira, o presidente da Caixa Geral de Depósitos escolhido pelo governo de José Sócrates para gerir o banco público entre 2005 e 2008. Na comissão parlamentar de inquérito, Carlos Santos Ferreira garantiu, no entanto, que “eu e o engenheiro José Sócrates não somos visita de casa um do outro” acrescentando que “hoje não temos relação” e que “na altura da Caixa tínhamos a relação normal entre dois membros do mesmo partido”
O presidente do banco público entre 2005 e 2008 pediu que as suas palavras não sejam vistas como um modo de “fazer piorar a situação” de José Sócrates, que considerou “extremamente complicada e delicada”.
Santos Ferreira disse que, como presidente do banco público, com quem falava regularmente no Governo era com o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e com o secretário de Estado da tutela.
Já sobre o empreendimento de Vale do Lobo, Santos Ferreira respondeu que não foi Armando Vara que lhe deu a conhecer o projeto e que o normal, se a operação não tivesse algum problema, era ter acesso às propostas de crédito na véspera da reunião em que seriam discutidas e eventualmente aprovadas.
Esta segunda comissão de inquérito à recapitalização da Caixa surgiu na sequência da polémica em torno de uma auditoria sobre a concessão de crédito da CGD entre 2000 e 2015.