
Ao ler o Jornal do dia 16 de Outubro do corrente ano, deparei – me com o destaque de uma notícia em letra altas, bem estampado “Desaceleração da Economia pode ser benéfica”. Recorri ao Discurso do Presidente da República ao Estado da Nação para confirmar se de facto havia visto bem o que acabava de ler, ou me encontrava equivocado, segundo excertos do discurso da República e eu cito o texto: “a boa notícia é que não haverá recessão, mas apenas uma ligeira desaceleração do crescimento da economia, sendo essa uma boa base de trabalho para o próximo ano”.
Posso depreender que, a desaceleração não é benéfica para qualquer economia e o excerto do discurso assim o realça quando destaca que a economia angolana irá registar um abrandamento sendo que as previsões para este ano apontam um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), quando o orçamento inicial apontava para um crescimento de 9,7%.
A desaceleração é a acção que faz com que algo se torne mais lento ou corra com uma rapidez inferior ao normal ou programado, por diversas razões ou motivos.
Como é consabido, a desaceleração da economia angolana está a ser causada pela redução do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que causou uma revisão do orçamento inicial para o ano de 2015 e corte nas despesas e investimento em mais de 50%.
Consequências da desaceleração
Podemos apontar algumas constrangimentos que a desaceleração pode causar as economias:
- Redução da capacidade do pais gerar riqueza o que afecta significativamente o crescimento;
- Aumento das taxas de desemprego fruto do encerramento de empresas com fraca capacidade de se manter no mercado;
- Aumento das taxas de Juro;
- Redução do Investimento;
- Redução do consumo;
- Endividamento do País para fazer face as despesas públicas;
- Redução da capacidade de importação;
- Aumento das taxas de inflação;
- Redução das reservas internacionais e déficit de cambiais para atender a procura;
Concludentemente, a desaceleração não é, e não pode ser benéfica para qualquer economia porque, quando não são tomadas medidas com vista a contornar ou estancar tal situação, a desaceleração acaba por entrar num outro estágio da economia que é a recessão, aonde os constrangimentos são maiores para a economia.
por Jonísio C. Salomão [1]
[1]Mestre em Administração de Empresas; Consultor Empresarial e Técnico Oficial de Contas.