
Sábado, 10 de outubro, por volta das 10 horas da manhã cerca de 14 mil pessoas concentravam-se junto à estação ferroviária central de Ancara, na Turquia. Preparavam-se para dar início a uma manifestação pela paz quando duas explosões quase em simultâneo espalharam o terror pelo centro da capital turca e, logo depois, a reboque da internet, um pouco por todo o mundo.
O balanço oficial do governo turco, divulgado pelo Centro de Coordenação do gabinete do primeiro-ministro, aponta para 97 mortos. O colíder do Partido (pró-curdo) Democrático do Povo (HDP), Selahattin Demirtaş, alega que houveram 128 mortos.
A manifestação pela paz tinha sido convocada pela oposição pró-curda, por sindicatos e movimentos da esquerda turca. Deveria ser um apelo ao fim da violência no país, a três semanas das eleições legislativas. Acabou como o pior atentado terrorista de sempre na Turquia.
O ataque não foi ainda reivindicado. As principoais suspeitas do governo apontam para o grupo autoproclamado Estado Islâmico, que tem vindo a expandir-se entre a Síria e o Irque, mas o atrito entre curdos e o governo de Ancara está a provocar protestos.
Manifestantes pró-curdos apontam o dedo ao Presidente recep Tayyp Erdogan e ao primeiro-ministro Ahmet Davutoglu. Uma manifestação este domingo em Dyarbakir foi dispersada pelas autoridades turcas com recurso a canhões de água e disparos de balas de borracha.
Há três meses, em Suruç, na fronteira com a Síria, 33 pessoas foram mortas. Há uma ligação entre estes ataques?
Existem semelhanças entre os dois ataques, quando observamos o método utilizado. As pessoas visadas e o quadro que temos após os ataques. No entanto, para além destes dois casos, há outros ataques ligados a estes e que se repetem continuamente. Em particular, a reunião do HDP, na cidade de Diyarbakir, a 6 e 7 de outubro e os acontecimentos em Kobani. Os ataques dos simpatizantes do PKK contra o EI e outras ações individuais contra políticos e civis islâmicos, mostram-nos que o confronto entre o PKK e o EI aumenta de dia para dia.
É esta uma estratégia do PKK, para as eleições? A organização anunciou, no dia do ataque, que largava as armas até às eleições de 1 de novembro…
Acredito que seja coincidência mas acontece antes das eleições. O PKK já perpetrou ataques terroristas em algumas áreas muito específicas e com certas peculiaridades. Mas antes das eleições. O PKK tem agora um papel na Síria e no Iraque. Na luta contra o EI, assegurou uma legitimidade internacional e garante que pode continuar a sua luta. Como é que os atentados de Ancara podem influenciar as eleições?
Não podemos tirar conclusões definitivas sobre isso. Este tipo de atentado pode levar a dois resultados: por um lado, o sentimento de insegurança pode trazer benefícios ao governo; por outro lado, pode gerar críticas, preocupações e assim fortalecer a oposição. (euronews.com)