
(Foto: D.R.)
Fim da parceria entre Isabel dos Santos e a Sonae nos hipermercados em Angola pode atrapalhar a NOS.
Firmada em 2011, quando o romance para a futura fusão entre a ZON e a Optimus começava a ganhar forma, a parceria entre a Sonae e Isabel dos Santos para a criação de uma rede de hipermercados em Angola há muito tinha arrefecido.
O golpe final foi a contratação, no início de 2015, de dois quadros da Sonae ligados à operação angolana por Isabel dos Santos para Condis, empresa com quem Paulo Azevedo tinha feito a parceria para a rede de hipermercados em Angola.
Uma contratação feita sem o conhecimento da Sonae. O caldo entornou-se e no grupo da Maia falou-se então em “deslealdade”.
Paulo Azevedo, ao contrário do que sempre defendeu o pai, Belmiro, acreditou que Angola poderia ser um mercado interessante para a internacionalização da Sonae, mas enganou-se. Esta semana, com o lançamento da marca de hipermercados ‘Candando’ por Isabel dos Santos, foi posto um ponto final na parceria.
Agora paira o silêncio. Ninguém quer falar. É um tema tabu. Isabel dos Santos e a Sonae são parceiros na NOS e nenhum quer para já melindrar uma fusão que parece correr sobre rodas.
A parceria, afirmam tanto a Sonae como a empresária angolana, é para manter e o quer que se diga sobre o assunto é futurologia.
Mas no mercado várias fontes consideram que a quebra de confiança vai ter impacto na NOS, mais cedo ou mais tarde. A Candando vai abrir em 2016 e será liderada pelo ex-quadro da Sonae Miguel Osório.
O mercado reagiu sem surpresa à notícia oficial do fim da parceria. “Tratou-se apenas de passar o atestado de óbito”, diz Rui Bárbara, gestor de ativos do Banco Carregosa.
Há fontes financeiras e do sector da distribuição a admitir que o fim desta parceria, a arrastar os pés há alguns anos, terá sido um alívio para a Sonae. O que aconteceu entre a Unitel, onde Isabel dos Santos tem 25% do capital, e a PT deixou marcas: a operadora angolana deixou de pagar, desde 2011, dividendos à Portugal Telecom, também ela dona de 25% do capital.
Há meses que a Sonae tentava fechar este dossiê. Havia compromissos assumidos com instituições angolanas, nomeadamente ao nível do investimento e do emprego, e era preciso garantir que Isabel dos Santos os iria cumprir e que a Sonae não seria responsabilizada por eventuais falhas.
Quanto ao futuro, os analistas acreditam que será preciso esperar para ver surgir um novo mercado. A Sonae está a tratar disso, investiu num franchising da cadeia Continente nos Emirados Árabes Unidos, onde espera abrir a primeira loja em 2017. Estão a ser estudados outros mercados, mas a Sonae não quer abrir o jogo.
“No retalho alimentar é preciso apanhar um mercado em fase incipiente na penetração de grandes cadeias, mas com boa perspetiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do consumo per capita e nada disso é fácil de encontrar ou pode ser feito rapidamente”, considera Rui Bárbara.
“A operação no Médio Oriente pode ser um primeiro passo para um movimento a longo prazo”, refere José Freitas, analista do Caixa BI. O facto da Sonae ter tido tentativas falhadas de expansão internacional deste negócio — o Brasil há 10 anos e agora Angola — obriga “a reforçar cautelas”, diz. (expresso.pt)
Por: Anabela Campos