Nações Unidas – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse terta-feira que as exigências do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, estão acima da lei, reiterando que não vai permitir que a Constituição da República seja violada.

“O que ele quer está acima da lei. Eu jurei respeitar a Constituição e, por isso, não posso permitir que a Constituição seja violada”, afirmou Filipe Nyusi, citado pela imprensa moçambicana, falando na terça-feira durante uma palestra na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
O Presidente moçambicano, que participou na segunda-feira na 70.ª assembleia-geral da ONU, disse que o seu executivo continua a valorizar o diálogo para a resolução da crise com a Renamo.
“Estamos a privilegiar o diálogo, falar, falar e falar”, sustentou Nyusi, manifestando novamente a sua intenção de reunir pela terceira vez com Dhlakama.
O clima de tensão política aumentou em Moçambique, após dois incidentes nas últimas semanas envolvendo a caravana do presidente da Renamo, maior partido da oposição, na província de Manica.
O líder da Renamo disse à Lusa que foi alvo na sexta-feira de uma emboscada das forças de defesa e segurança no distrito de Gondola, Manica, mas as autoridades moçambicanas rebateram esta versão, sustentando que foi a comitiva de Dhlakama que provocou o incidente ao assassinar o motorista de um “chapa” (carrinha de transporte semi-público) que passava no local.
A Renamo disse que resultaram deste incidente sete mortos entre a comitiva de Dhlakama e dezenas entre os alegados atacantes e as autoridades referem 23 vítimas mortais do partido de oposição em consequência dos confrontos que se seguiram com a polícia, além do motorista da “chapa”.
O Governo assumiu a versão policial de que o incidente foi provocado pela Renamo, que, por sua vez acusa o partido maioritário e as forças de defesa e segurança de tentarem assassinar o seu presidente.
Dhlakama encontra-se em lugar desconhecido desde sexta-feira, embora assegure que esteja bem de saúde e a controlar o seu partido, apelando para a não-retaliação.
Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de Setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
Na altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.
Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.
Moçambique vive sob o espectro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado. (portalangop.co.ao)