Quarta-feira, Maio 31, 2023
15.4 C
Lisboa
More

    PCP e Os Verdes querem acabar com o “rumo do vira o disco e toca o mesmo”

    (Foto: NUNO VEIGA/LUSA)
    (Foto: NUNO VEIGA/LUSA)

    “A campanha é mais do que folclore”: comunistas confiantes que “o povo português não vai meter a maioria dos ovos no mesmo cesto”.

    “O povo português não vai meter a maioria dos ovos no mesmo cesto”, garantiu ontem Jerónimo de Sousa ao popular que, em Moura e invocando Deus, lhe disse esperar que nem o PSD nem o PS “ganhem com maioria”. A breve troca de palavras ocorreu junto ao restaurante, pastelaria e padaria O Ideal, onde o líder da CDU se apeou do carro e cumprimentou um a um os homens e mulheres sentados na esplanada – um ritual desta vez quase silencioso, por comparação com situações similares desta campanha.

    Alguns metros à esquerda, no Largo General Humberto Delgado, centena e meia de apoiantes e militantes – incluindo meia dúzia de crianças – iam conversando ao som dos Xutos & Pontapés (entre outros grupos) enquanto a comitiva não se dirigia ao palanque junto da carrinha da CDU.

    Coube ao presidente da Câmara de Moura, o historiador comunista Santiago Macias, fazer as honras da casa: “Não sabia o que havia de dizer, sabia o que não havia de dizer”, começou o autarca. E resolveu cantar “salta, Jerónimo salta, olé”. Segundo o autarca, “não quer dizer que não saltasse”, mas a explicação era outra: “Uma campanha é mais do que folclore”, embora tenha de ter momentos desses.

    Foi o deputado João Ramos – natural do concelho e que considerou a iniciativa como “uma das mais participadas” de sempre da CDU na zona – que sublinhou o papel desenvolvido pelo PCP e por Os Verdes no Parlamento em prol do distrito de Beja, pelo qual são eleitos três deputados e que, nas últimas duas eleições legislativas, foram distribuídos por PSD, PS e CDU.

    “Não é preciso ser comunista para votar” na foice, no martelo e no girassol que simbolizam a CDU “e acabar com o rumo do vira o disco e toca o mesmo” associado à política do governo PSD-CDS.

    Jerónimo de Sousa – de mangas arregaçadas como de costume – deixou a seguir palavras de “confiança e esperança” na derrota de uma maioria PSD-CDS cuja luta dos comunistas “isolou socialmente, condenou politicamente e vai aplicar uma derrota eleitoral”.

    Numa terra do Alentejo profundo, o secretário-geral do PCP condenou a “alienação da soberania” decorrente do acordo com a troika. “Qualquer burocrata [do FMI, do BCE, da UE] sente-se no direito de dizer aos portugueses como têm de se governar”, quando “temos uma pátria livre e independente”, lembrou Jerónimo de Sousa.

    Horas antes, em Beja, o dirigente máximo da CDU almoçou – num lotado pavilhão dos bombeiros – com pensionistas e reformados a quem exortou a usarem o voto “como um elemento de esperança e instrumento de confiança” para derrotar a maioria PSD-CDS.

    Apesar da natural concordância dos presentes com o seu discurso, em que lembrou os cortes dos últimos anos nos salários, pensões e reformas, o líder comunista deixou um alerta: “Seria um voto contra os vossos interesses, a negação de si próprios, votarem nos culpados pela situação em que se encontram.”

    Após criticar duramente o governo por tratar os pensionistas e reformados como “gente que já não trabalha, que está inativa, que é um peso para o país”, por os ver “quase como um estorvo, quase como uma despesa”, Jerónimo deixou uma exortação: “Vocês não estão mortos, não são inúteis. Mostrem-lhes que não estão derrotados.”

    À noite, num jantar-comício em Serpa, que juntou algumas centenas de apoiantes à mesa para comer ensopado de borrego e em que participou a deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia, Jerónimo de Sousa ouviu um grupo de cante alentejano entoar o célebre tema do 25 de Abril Grândola, Vila Morena – em cujos versos sobressai “o povo é quem mais ordena”.

    Apresentando-se pela primeira vez sem casaco num comício noturno e com vários dos presentes a ouvi-lo de pé, o líder comunista reiterou que a CDU “nunca faltará a uma política patriótica e de esquerda”. Contudo, “não vamos servir de sustentáculo” à política de direita – um continuado recado direto ao PS. (dn.pt)

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Por que aluguel em Lisboa custa quase triplo do salário mínimo

    "A dona da casa está atrás de mim desde 2018. Ela diz que precisa do meu apartamento e eu...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema