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    Escritor apela à reintegração de portugueses emigrados

    (DW)

    No livro “Novo Êxodo Português”, apresentado em Lisboa, Pedro Teixeira aponta medidas transversais e estruturantes para inverter o êxodo de portugueses que deixaram o país com destino a países como Angola e Moçambique.

    Em Portugal, o Governo que sair das eleições legislativas de 4 de outubro próximo deve adotar medidas de reintegração dos portugueses que deixaram o país devido aos efeitos da crise financeira de 2008. O apelo é lançado por Pedro Teixeira, autor do livro “Novo Êxodo Português”, apresentado quarta-feira (23.09), na capital portuguesa, pelo professor universitário Adriano Moreira, antigo ministro do Ultramar.

    A obra, que faz um diagnóstico bastante objetivo sobre o fenómeno migratório contemporâneo português, conta com a contribuição de 165 emigrantes espalhados por 25 países dos cinco continentes.

    Portugueses enfrentam novo dilema

    A crise económica e financeira que atinge Portugal desde 2011 forçou o êxodo de milhares de portugueses para vários países. Só para Angola terão ido cerca de meio milhão de pessoas. Mas a recente queda do preço do petróleo, do gás e do carvão está a ter reflexos negativos nas economias angolana e moçambicana, que pareciam oferecer alternativa aos sonhos dos emigrantes portugueses que deixaram Portugal nos últimos três anos em busca de uma vida melhor.

    A crise em Angola e em Moçambique coloca os portugueses – que estão a regressar à origem – perante um novo dilema, considera Pedro Teixeira. “Muitos portugueses emigraram para as ex-colónias portuguesas e este fenómeno aparentemente será agora objeto de uma inversão por força da crise”, explica o autor.

    “Isso ainda não está refletido nos dados oficiais, dado que o saldo migratório português tem sido negativo desde 2011. Ou seja, há mais gente a deixar Portugal do que a entrar no país. No entanto, houve uma ligeira redução em 2014 que já poderá evidenciar, ou ser o reflexo deste e de outros fatores, porque a maioria dos emigrantes portugueses estão na Europa e não em África ou no Brasil, como se poderá pensar”.

    Além da variante demográfica, acrescenta Pedro Teixeira, pesa a dificuldade dos portugueses regressados em encontrar emprego, porque em Portugal não têm sido tomadas muitas medidas que contribuam para a integração de quem retorna. “O programa peca claramente por ser escasso e limitado. Os seus resultados não têm sido visíveis”, refere o autor do livro.

    Tentativa de “recolonização”?

    Há quem questione, por outro lado, se, através da emigração massiva portuguesa, há ou havia indícios ou tentativa de “recolonização” das duas ex-colónias por parte de Portugal. “Penso que não. Em termos de Estados de direito eles estão bem formados. Não há qualquer dúvida quanto a isso. Há sim cooperação entre os vários países. Não me parece que o termo recolonização seja o mais apropriado”, responde Pedro Teixeira.

    O professor catedrático Adriano Moreira, antigo ministro do Ultramar – que apresentou a obra de Pedro Teixeira em Lisboa – preferiu cingir-se às razões que forçaram a emigração, cujos efeitos colaterais considerou serem inquietantes. “Em 40 anos – a idade da revolução portuguesa -, a emigração atingiu 232 milhões de pessoas em 2011”, observou.

    Referindo-se depois ao “movimento contínuo que vai do norte para o sul e do sul para norte”, Adriano Moreira revelou ainda que “a emigração nessa data era do sul do mundo para o norte de 110 milhões e do norte para o sul 130 milhões”.

    No livro “Novo Êxodo Português”, Pedro Teixeira, que trocou Portugal por uma multinacional em Doha, no Qatar, aponta pistas de medidas transversais e estruturantes para inverter o problema. Entre estas surgem 20 propostas de soluções que passam por captar de volta os que saíram. (dw.de)

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