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    Papa pede a Cuba que se abra à Igreja e aos EUA

    Papa Francisco é recebido pelo presidente Raúl Castro no aeroporto José Martí, em Havana (Foto de FILIPPO MONTEFORTE/AFP)
    Papa Francisco é recebido pelo presidente Raúl Castro no aeroporto José Martí, em Havana (Foto de FILIPPO MONTEFORTE/AFP)

    O Papa Francisco iniciou neste sábado uma histórica visita a Cuba, pedindo ao governo comunista uma abertura em relação à Igreja Católica e aos Estados Unidos, país que será a segunda etapa de seu périplo americano.

    Na cerimónia de boas-vindas no aeroporto de Havana, Francisco pediu a Estados Unidos e Cuba que continuem avançando no processo de normalização das relações diplomáticas, restabelecidas desde 20 de Julho graças à uma mediação secreta do próprio pontífice argentino.

    “Há vários meses, estamos sendo testemunhas de um acontecimento que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre dois povos, depois de anos de distanciamento. Animo aos responsáveis políticos a continuar avançando por esse caminho”, declarou.

    Animo aos responsáveis políticos a continuar avançando por esse caminho”, declarou o papa diante do presidente Raúl Castro e dos bispos cubanos.

    “O mundo precisa de reconciliação, nessa atmosfera de Terceira Guerra Mundial, por etapas, que estamos vivendo”, acrescentou Francisco, que havia dito aos jornalistas durante o voo de 12 horas de Roma para a capital cubana que “o mundo tem sede de paz”.

    A mediação de Francisco para o restabelecimento das relações entre Havana e Washington foi reconhecida por aqueles que saíram às ruas para saudá-lo.

    “Temos a expectativa de que Deus nos ajude e de que o Santo Padre possa advogar por nós quando for ao Congresso dos Estados Unidos, para que elimine o embargo económico a Cuba”, disse à AFP Yudelkis Geigel, de 32 anos, que revelou que não era “nem cristã nem católica”, mas militante comunista.

    Francisco, de 78 anos, seguirá na terça-feira para os Estados Unidos, com uma agenda que inclui uma visita ao Congresso, outra à Casa Branca, e uma intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas.

    – Respeito por Fidel –

    Em suas primeiras palavras, Francisco envio a Fidel Castro, líder da revolução cubana, seus “sentimentos de especial consideração e respeito”.

    O papa poderá reunir-se com Fidel Castro em Havana, possivelmente no domingo, um encontro emblemático entre duas figuras latino-americanas de grande projecção.

    O papa pediu também que a Igreja Católica em Cuba tenha os “meios necessários” para trabalhar “com liberdade”.

    “Hoje renovamos esses laços de cooperação e amizade (com o governo comunista cubano) para que a Igreja continue acompanhando o povo cubano em suas esperanças e preocupações, com liberdade e todos os meios necessários para levar o anúncio do Reino (de Deus) às periferias existenciais da sociedade”, declarou.

    Após as boas-vindas, Francisco foi de papamóvel à Nunciatura Apostólica, situada no bairro diplomático de Miramar, recebendo acenos dos milhares de cubanos que encheram as ruas, acenando com bandeirinhas de Cuba, ao longo do trajecto de 18 quilómetros.

    – Primeira vez em Cuba –

    Francisco, o primeiro papa nascido na América Latina, vai visitar pela primeira vez na vida a ilha de Cuba, onde foram colados cartazes com sua foto em postes, prédios e igrejas. Trata-se da décima viagem ao exterior em seu pontificado, que começou em Março de 2013.

    Na ilha caribenha, o pontífice rezará duas missas campais, em Havana e em Holguín, e uma terceira no Santuário da Virgem da Caridade do Cobre, em Santiago de Cuba.

    O papa dos pobres, defensor da natureza, que denuncia a avidez das multinacionais, chegou a uma Cuba maquiada e enfeitada para sua visita.

    Em Santiago, ele se reunirá com os bispos e rezará pelo futuro de Cuba diante da venerada Nossa Senhora da Caridade, em um país onde o catolicismo convive com a cultura afro-cubana.

    Embora não tenha uma visita programada aos presídios, o papa obteve do governo cubano o indulto para 3.522 presos.

    Antes da visita, em uma entrevista da televisão do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado e número dois do Vaticano, reconheceu que espera que junto à liberalização económica e à suspensão do embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde 1962, chegue também “uma abertura em termos de direitos humanos”.

    Algumas vozes críticas reclamaram da reconciliação entre a Igreja e o regime Castro, que deixou os dissidentes sem ninguém que os ouça. Até agora, o papa não tem qualquer encontro programado com eles. (AFP)

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