
Cidade da Praia, 10 Set (Inforpress) – A taxa de suicídio em Cabo Verde ronda os 16 por cada cem mil habitantes, a média mundial, e em alguns casos o país está um pouco acima desta média, disse hoje o psiquiatra Daniel Silves Ferreira.
O presidente da Associação de Promoção da Saúde Mental (APonte) fez estas afirmações na Cidade da Praia, antes da abertura de uma palestra sobre o tema “Estigma uma barreira importante na prevenção do suicídio”, alusiva ao Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, que se comemora hoje.
Para Daniel Ferreira, é importante realçar que, em Cabo Verde, hoje em dia, o suicídio é falado e abordado na comunidade, na comunicação social, e pelos políticos.
Segundo o psiquiatra, muitas intervenções são feitas e deixam de ser eficazes devido ao preconceito e estigma existente em relação a doença tendo em conta que o suicídio está associado às doenças mentais, particularmente a depressão e ao abuso do álcool.
“É preciso ultrapassar esses obstáculos, tendo em conta que as acções desenvolvidas podem ter resultados satisfatórios na prevenção do suicídio”, defendeu Daniel Ferreira, sublinhando que o suicídio é um factor que existe no país e é um “problema sério” que merece o envolvimento de todos para uma melhor inclusão dessas pessoas.
Por sua vez, o sociólogo Cesar Monteiro afirmou que o suicídio é um fenómeno social e estigmatizado onde as pessoas abordam a doença partir de determinados preconceitos que estão relacionados com as construções sociais em respeito do fenómeno suicídio.
“Muitas das vezes, essas pessoas são excluídas da sociedade e vistas como um cidadão de segunda, acabando por dificultar a recuperação da mesma”, acrescentou.
Segundo este sociólogo, a ilha do Fogo tinha o maior índice de suicídio a nível nacional, mas, de acordo com os dados estatísticos actuais, esse fenómeno está a ganhar uma projecção nacional tendo em conta os factores de risco sociais que tem contribuído para a afirmação da doença.
“Os factores de risco como a droga, o álcool, a exclusão social, estigma e preconceito estão integrados na sociedade, dificultando a recuperação, integração ou reintegração”, frisou. (inforpress.publ.cv)