
Laurent Fabius diz que rascunho alerta para as “consequências sérias” da recusa do regime de Damasco em obedecer às condições da comunidade internacional para evitar ataque ao país.
A França confirmou na manhã desta terça-feira que entregará no Conselho de Segurança das Nações Unidas uma proposta de resolução estabelecendo as condições para a entrega do arsenal químico na posse do Exército da Síria a monitores internacionais, uma possibilidade que já foi discutida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia com o seu congénere sírio.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, confirmou que o seu país está já a trabalhar no rascunho da proposta que poderá desbloquear o impasse relativamente à resposta da comunidade internacional ao ataque com armas químicas ocorrido a 21 de Agosto nos arredores de Damaso.
A aceitação das condições da proposta – que se materializou na segunda-feira, na sequência de comentários do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, aos jornalistas, em Londres – permitirá ao regime sírio escapar da intervenção militar planeada pelos Estados Unidos como punição pelo recurso a armas proibidas contra civis.
Laurent Fabius frisou que o rascunho francês inclui um alerta para as consequências “extremamente sérias” de uma eventual recusa da Síria em cumprir as condições impostas; e que prevê a transferência de todo o arsenal químico para as mãos de inspectores internacionais e a sua posterior destruição.
A ideia foi formalmente apresentada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov que se reuniu na segunda-feira em Moscovo com o responsável da diplomacia síria, Walid al-Moualen. Os dois manifestaram optimismo na aceitação da proposta, que já recebeu o apoio do secretário-geral da ONU, e também da China, que juntamente com a Rússia bloqueou todas as propostas de resolução relativas à Síria votadas no Conselho de Segurança.
Em várias entrevistas, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, referiu-se à intensa movimentação diplomática de ontem como um bom progresso, mas ao mesmo tempo alertou para o risco de o regime de Assad utilizar as negociações diplomáticas como uma táctica para ganhar tempo.
A oposição síria expressou a mesma preocupação. “A proposta não passa de uma manobra política que só levará ao prolongamento do impasse e a mais morte e destruição para o povo sírio”, considerou a Coligação Nacional da Síria, em comunicado. A organização que agrega os grupos da oposição sublinha que não é com “concessões políticas” que a comunidade internacional deve reagir a “crimes contra a humanidade”: “Há que responsabilizar o regime de Assad pela morte de inocentes”, observa. (publico.pt)
Por RITA SIZA