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    Plano de Obama para ataque à Síria começa com ofensiva mediática

    Obama tem-se esforçado por explicar aos americanos que a Síria não é comparável ao Iraque ou ao Afeganistão (ANWAR AMRO/AFP)
    Obama tem-se esforçado por explicar aos americanos que a Síria não é comparável ao Iraque ou ao Afeganistão (ANWAR AMRO/AFP)

    Presidente dos EUA vai preencher a emissão dos principais canais de televisão.

    A “operação” da Administração norte-americana para persuadir os membros do Congresso a votar favoravelmente um ataque militar – “limitado, proporcional e consequente” – a alvos sírios por parte dos Estados Unidos entra agora na fase crucial, com o Presidente Barack Obama a avançar hoje em primeira mão alguns dos argumentos que amanhã voltará a oferecer ao país, numa declaração solene a partir da sala oval da Casa Branca.

    O Presidente reservou a sua agenda de hoje para entrevistas com seis estações televisivas: os apresentadores dos telejornais das três cadeias nacionais ABC, CBS e NBC, dos dois principais canais de notícias do cabo, Fox News e CNN, e ainda da estação pública PBS vão poder perguntar directamente sobre as provas que os Estados Unidos dizem apontar para as responsabilidades do Exército da Síria no ataque com armas químicas ocorrido a 21 de Agosto nos arredores de Damasco.

    Numa jogada de antecipação, o Presidente sírio, Bashar al-Assad, disse ao jornalista norte-americano Charlie Rose que “não existe qualquer prova” de que foi ele quem ordenou o ataque com gás sarin que, segundo o Pentágono, matou 1429 pessoas, incluindo 426 crianças. Numa entrevista concedida à CBS em Damasco (e que só será transmitida esta noite nos EUA), Assad foi cuidadoso e ambíguo no uso da linguagem, e evitou responder às questões sobre o arsenal de armas químicas que tem à sua disposição. Mas avisou que um eventual ataque dos EUA ao seu país levaria a uma retaliação de todos os seus aliados (leia-se, o Irão) contra Washington.

    Obama passou todo o fim-de-semana a apurar a retórica para convencer os americanos de que as acções de Assad não podem ficar sem resposta. “Fazer vista grossa ao que está a acontecer agora na Síria e cruzar os braços perante este horrífico ataque só vai aumentar o risco do uso de armas químicas no futuro, possivelmente por terroristas que podem querer usá-las contra nós”, alertou o Presidente na habitual mensagem radiofónica de sábado.

    A sua equipa de conselheiros está a trabalhar em contra-relógio: no regresso da Rússia, onde o Presidente conseguiu conquistar o apoio político de metade dos participantes da cimeira do G20 a uma “resposta forte e clara” contra o regime de Assad, não houve tempo para descanso, com a Casa Branca a confirmar ontem que Obama dedicou os últimos dias a telefonemas e contactos directos com senadores e congressistas, que regressam a Washington esta semana depois das férias do Verão. Muitos deles foram convidados para um jantar de boas-vindas pelo vice-presidente Joe Biden, ontem à noite.

    Os legisladores já agendaram a discussão em plenário das propostas para a autorização do uso da força militar contra a Síria, solicitada pelo Presidente: a votação no Senado pode acontecer na quarta ou quinta-feira, e o resultado é, por enquanto, totalmente imprevisível. As indicações, até agora, apontam para a rejeição da intervenção armada na Síria na Câmara dos Representantes, que é dominada pelos republicanos, e que deverá votar na semana seguinte.

    EUA divulgam vídeos

    Sem uma resolução das Nações Unidas, e sem a participação de forças aliadas, os observadores da Casa Branca estimam que Obama não arriscará lançar um ataque na Síria sem o acordo prévio do Congresso. O Presidente sabe como é difícil pedir à opinião pública (que nas sondagens tem manifestado uma clara oposição ao seu plano) para tolerar o envolvimento do Exército numa nova guerra sectária do Médio Oriente, mesmo repetindo que não é possível comparar a situação na Síria ao que aconteceu no Afeganistão e no Iraque.

    Consciente do impacto das sondagens no comportamento dos políticos, a Administração tem vindo a acrescentar nuances ao seu discurso, centrado nas questões do respeito pelas normas internacionais e da credibilidade política e moral dos Estados Unidos, e agora também na consciência individual de cada um. Aliás, Obama deixou essa nota na Rússia, ao lembrar que, no exercício da política, a consciência deve sobrepor-se à popularidade.

    A campanha mediática do fim-de-semana incluiu a divulgação ao comité de Serviços Secretos do Senado de vídeos dramáticos obtidos na Síria, com imagens de vítimas dos ataques químicos.

    Em Paris, onde esteve para mais uma ronda diplomática, o secretário de Estado John Kerry explicou que a distribuição das imagens (chocantes) se destina a mostrar as consequências das acções do regime sírio, “para que toda a gente entenda o que está em jogo. Estas são pessoas reais que estão a ser atingidas de uma forma absolutamente inaceitável”, vincou.

    No fim de uma reunião com ministros da Liga Árabe, Kerry indicou que “a opinião que todos manifestaram – e não houve uma única voz contrária – foi que Assad ultrapassou uma linha vermelha global, com o uso deplorável de armas químicas”. (publico.pt)

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