
Instituições de crédito no estrangeiro começam a utilizar o Facebook, por exemplo, para decidir se devem emprestar dinheiro. Em Portugal, a situação ainda não se verifica, pelo menos, oficialmente.
Há já instituições que começam a usar as redes sociais para avaliar o risco de crédito, acreditando que plataformas como o Facebook podem ser uma ferramenta útil na hora de decidir fazer um empréstimo. Em Portugal, que se saiba, este cenário ainda não se verifica.
E são cada vez mais as instituições financeiras que recorrem a consultas no Facebook e no Twitter, ao grupo de amigos dos candidatos a empréstimos para ver se descobrem, entre estes, maus pagadores, estendendo as pesquisas aos dados de contas no eBay ou na Amazon.
“Isto mostra que os seres humanos são realmente bons a conhecer quem é confiável na comunidade”, afirmou Jeff Stewart, co-fundador e presidente-executivo da Lenddo, uma das start-ups que promovem o acesso fácil a serviços financeiros.
A Kabbag também já aderiu a esta ferramenta, facilitando a acesso ao crédito por parte de pequenas e médias empresas, com recurso a informações das contas do PayPal, eBay, Facebook ou Twitter. Segundo a empresa, é possível em apenas sete minutos avaliar o nível de risco na atribuição de crédito.
Na Alemanha, a Kreditech chega a cruzar até oito mil dados antes de decidir conceder ou não um empréstimo. Além de analisar as redes sociais, a empresa verifica se o cliente dispendeu tempo a ler a informação sobre as condições do empréstimo no site do grupo, se preencheu o formulário com letras minúsculas ou só maiúsculas ou até se estava a pedir crédito a partir de um computador do trabalho ou de casa.
Em Portugal, publicamente não existem
Por cá, tanto a a Associação de Defesa do Consumidor DECO como a Associação de Sociedades Financeiras para Aquisições a Crédito (ASFAC) dizem não ter informação de que alguma instituição recorra a estas ferramentas.
“Não temos conhecimento de qualquer banco ou instituição que utilize esses dados para a concessão de crédito. Até agora não recebemos qualquer reclamação nesse sentido”, disse ao Expresso Ana Sofia Ferreira, do gabinete de apoio ao consumidor da DECO.
Segundo a ASFAC, o tratamento de dados pessoais tem que cumprir a legislação que visa defender os particulares da utilização indevida dos seus dados, mas a lei 67/98 de 26 de outubro permite tratar dados pessoais sem o consentimento do próprio, se essa informação for necessária para a concretização do contrato de concessão de crédito.
“No entanto, não temos conhecimento que isso seja feito pelas instituições de crédito”, disse ao Expresso Susana Albuquerque, secretária-geral da ASFAC.
Em Portugal são utilizados critérios de análise de risco de crédito bastante rigorosos, afirma Albuquerque, acrescentando: “Sempre que fazem uma análise da risco de crédito, além dos seus critérios rigorosos, estas instituições recorrem a bases de dados públicas e privadas, concebidas especialmente para o efeito”. (expresso.sapo.pt)
Por Liliana Coelho