O prémio é uma distinção ao esforço dos actores, encenadores e produtores lusófonos que participam no festival, organizado pela Talu Produções desde 2008, no Rio de Janeiro.
“Cinzas sobre as mãos” retrata a história de dois coveiros que num país devastado pela guera cumprem com zelo as suas tarefas: fazer desaparecer os cadáveres queimando-os. Entre os mortos, uma mulher sobrevive e os coveiros com medo de serem acusados de colaborar com o inimigo transformam a mulher em escrava.
O espectáculo, que tem direcção de Eleutério Mastade e é protagonizado pelos actores Sérgio David, Diaz Santana e Lucrécia Noronha, esteve em cartaz no Festlip nos dias 22 e 23, no teatro municipal Carlos Gomes, e 24, no Sesi Centro.
Eliote Alex, director artístico do grupo de teatro, disse à imprensa que com o prémio o moral do colectivo está mais alto, porque a distinção foi uma surpresa, o grupo enfrenta muitas dificuldades, particularmente financeiras, para fazer teatro em Moçambique.
“É algo inesperado, principalmente depois de tantos contratempos. Primeiro perdemos a mala com toda a indumentária do grupo e o nosso espectáculo estava programado para o segundo dia do festival. Depois da abertura do festival tivemos de comprar as roupas e adornos para fazer o espectáculo no mesmo dia. Saber que a peça recebeu um prémio através do voto popular é uma bênção”, disse.
O director lamentou também a inexistência de espaços para ensaios e apresentações dos grupos.
O espectáculo “Cinzas sobre as mãos” já foi exibido em vários festival internacionais, com realce para os realizados no Brasil e Portugal, mas em Moçambique só foi levada à cena duas vezes. O grupo de teatro Lareira surgiu em 2004.
A directora da Talu Produções fez um balanço positivo da quinta edição do Festival de Tetro de Língua Portuguesa (Festlip), que decorreu no Rio de Janeiro, com a participação de sete grupos provenientes de Angola, Brasil, Portugal, Moçambique e Cabo Verde.
À semelhança deste ano, a próximo edição do Festlip vai ser realizada entre Agosto e Setembro para não coincidir com o período de realização do campeonato do Mundo, que o Brasil acolhe em 2014. “Hoje o Rio de Janeiro está com muitas actividades. Provavelmente, no próximo ano vamos realizar o festival entre Agosto e Setembro”, assegurou. O próximo desafio do festival é a sua realização ter lugar noutros estados brasileiros e nos países lusófonos, apesar da iniciativa ser do Rio de Janeiro, visando promover o intercâmbio das artes dramáticas entre os membros da comunidade lusófona.
Este ano em que o dramaturgo angolano José Mena Abrantes foi homenageado, o Festlip consolidou a expressiva marca de mais de 160 espectáculos, com afluência de público a ser superior aos 220 mil espectadores. (jornaldeangola.com)
António Bequengue