O Presidente norte-americano, Barack Obama, irá atuar na Síria de acordo com os “melhores interesses” dos Estados Unidos, apesar da rejeição a uma ação militar por parte do parlamento inglês, disse hoje uma fonte oficial norte-americana.
“Vimos os resultados da votação no Parlamento do Reino Unido esta noite e, como já dissemos, a decisão que o Presidente Obama venha a tomar será guiada pelos superiores interesses dos Estados Unidos”, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional. Caitlin Hayden acrescentou que o Barack Obama acredita existirem “interesses” centrais em risco para os Estados Unidos e defende que os países que violam normas internacionais em relação a armas químicas têm de ser responsabilizados.E que a atuação dos EUA não está dependente do envolvimento britânico.
O Parlamento britânico chumbou quinta-feira a possibilidade de o Reino Unido participar numa ação militar na Síria, onde a ONU investiga as circunstâncias de um alegado ataque com recurso a armas químicas.
A moção do Governo britânico defendia uma intervenção militar “legal e legitimada” na Síria, mas foi rejeitada por 285 deputados, apenas mais 13 do que os 272 que a apoiaram.
O resultado da votação, hoje na Câmara dos Comuns, obrigou o primeiro-ministro, David Cameron, a reconhecer que “o parlamento e os britânicos não querem uma intervenção militar”. “Compreendi e atuarei em consequência”, afirmou o chefe do Governo pouco depois de conhecer o resultado da votação.
O secretário da Defesa britânico, Philip Hammond, assinalou por seu lado à BBC que os Estados unidos “ficarão dececionados por o Reino Unido não se envolver” numa ação de força, mas recusou a ideia de que a ausência do seu país implique uma intervenção contra o regime sírio.
O Governo britânico tinha dito anteriormente que uma intervenção na Síria não significa uma tomada de posição no conflito interno no país nem uma tentativa de derrubar o regime de Bachar al-Assad.
A votação no Parlamento britânico sucedeu num dia em que se manteve o impasse entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Estes reuniram-se cerca de 45 minutos na quinta-feira a propósito da crise na Síria, mas sem quaisquer progressos, segundo fontes diplomáticas.
A reunião realizou-se a pedido da Rússia, que se opõe de forma determinada a qualquer intervenção militar na Síria.
No final do encontro, nenhum dos embaixadores dos cinco países – Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia – prestou declarações aos jornalistas, relata a agência France Presse.
“Não houve convergência de pontos de vista” entre Moscovo e os três países (Estados Unidos, França e Reino Unido) que apoiam uma eventual operação militar, revelou fonte diplomática que solicitou anonimato.
Acrescentou ainda que “os russos expuseram o seu ponto de vista, que não mudou”, não tendo sido fixada uma data para uma nova reunião.
Na origem desta reunião esteve um projeto de resolução britânico que justificava uma intervenção militar contra o regime de Bachar al-Alssad, acusado de ter recorrido a armas químicas num ataque perpetrado a 21 de agosto nos arredores de Damasco.
O texto em questão autoriza “todas as medidas necessárias”, incluindo o recurso a uma intervenção armada, “para proteger os civis contra as armas químicas” na Síria.
Os cinco embaixadores já se tinham reunido na quarta-feira mas sem consenso, uma vez que a China e a Rússia reafirmaram a sua forte oposição a uma intervenção militar na Síria. (dn.pt)