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    Mantega admite pela primeira vez que Brasil vive mini crise

    (Foto: D.R.)
    (Foto: D.R.)

    Para o ministro, o retorno do capital financeiro aos EUA causa turbulência cambial e atrapalha os negócios.

    O Brasil está vivendo uma “minicrise”, admitiu ontem pela primeira vez o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, os problemas são provocados pelo possível fim do programa de recompra de títulos públicos pelo Federal Reserve (o banco central americano), que culminaram na desvalorização recente do real frente ao dóla, combustível para a inflação. A desaceleração de outros países emergentes aumenta o desconforto, pois dificulta a retomada da economia brasileira, disse o ministro. O otimismo típico de Mantega, contudo, permanece. Ele prevê crescimento de 2,5%da economia neste ano e de 4% no próximo, quando a mini crise passar.

    Guido Mantega: “O real se desvaloriza mais por uma virtude do que por um defeito. Temos um mercado internacionalizado e líquido”
    Durante encontro com empresários em São Paulo, o ministro reiteradas vezes tentou convencê-los de que não há desconfiança internacional com a economia brasileira. Afirmou que a desvalorização cambial acontece porque o Brasil é um país com mercado de capitais mais aberto que outros emergentes, o que justificaria a maior volatilidade. “O câmbio cai por uma virtude nossa.”

    Mantega ressaltou a permanência do capital estrangeiro no país. Segundo suas estimativas, a conta financeira deve fechar com superávit de US$ 80 bilhões, financiando o déficit em conta corrente de US$ 75 bilhões.

    Em sua visão, a culpa da minicrise, que acomete todos os emergentes, está no redirecionamento dos investimentos financeiros para os Estados Unidos. O mercado internacional estaria afoito com o provável término dos incentivos monetários e o consequentemente fortalecimento do dólar. A volta do crescimento da economia americana também acentua a volatilidade da moeda brasileira. “A volta do capital para os Estados Unidos está causando essa turbulência. A volatilidade atrapalha os negócios”, concluiu.

    O ministro citou as reservas internacionais para provar que o país resistirá a esse momento. Desde o início da valorização do dólar, na segunda quinzena de maio, as reservas de outros países emergentes caíram cerca de US$ 150 bilhões, segundo suas contas. As do Brasil, no entanto, recuaram pouco menos de US$ 3 bilhões no período. Segundo o Banco Central, na última sexta-feira, elas somavam US$ 373,3 bilhões.

    Apesar da explicação de Mantega garantindo que o Brasil está protegido contra este novo episódio da crise, a inflação não deve passar incólume ante à perda de valor do real. Por isso, novo reajuste dos preços de combustíveis, de acordo com o ministro, não deve acontecer mais este ano. “Não há nenhum aumento para os combustíveis programada em função da variação cambial.”

    Com isso, ele espera ajudar a manter a inflação controlada. “Nós podemos garantir à dona de casa que não haverá elevações extraordinárias de preços. Nós não permitiremos um grande ágio da desvalorização cambial sobre a inflação”, decretou.

    Relatório do Banco Central divulgado ontem, no entanto, indicou que economistas consultados pela autoridade monetária discordam do ministro da Fazenda. Segundo as estimativas presentes no boletim Focus, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2013 em 5,8%. Há uma semana, a previsão era de uma inflação de 5,74%. A projeção se aproxima da alta de preços de 2012, quando o IPCA terminou o ano em 5,84%. Embora o teto da meta de inflação seja de 6,5%, o Banco Central trabalha com o objetivo de entregar o índice de 2013 abaixo do nível de 2012. O alvo secundário confirmaria a teoria da equipe econômica do governo de que a inflação está convergindo gradativamente para o centro da meta, de 4,5%.

    Na próxima sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o Produto Interno Bruto para o segundo trimestre do ano. Mantega se diz animado com as projeções, que sugerem crescimento de 0,8% no período. Embora modesto, o número indica aceleração da economia, já que no primeiro trimestre o crescimento foi de 0,6%.

    “Acredito que virá um pouco mais do que isso (0,8%), mas o importante é o crescimento gradual que ocorre desde o ano passado. Parece-me que não há dúvida de que estamos crescendo, apesar das dificuldades”, afirmou.

    O resultado, para o ministro, pode ajudar a retomar a confiança do empresariado. “Não é verdade que estávamos em uma situação crítica. Existe uma recuperação em curso”.

    (ig.com.br)

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