
Angola vai relançar o sector madeireiro nos próximos dias, no âmbito de um Programa de Relançamento da Indústria de Madeira, Mobiliário e afins, elaborado pelo Ministério da Agricultura em parceria com o Ministério da Indústria, para se reduzir o défice de produção estimado em mais de 400 mil metros cúbicos de madeira em toro.
O ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, que falava em Cabinda na abertura do Primeiro Encontro Nacional sobre Inventário Florestal, sublinhou que o plano visa inverter o quadro actual, com a reanimação do sector de corte e transformação da madeira, mediante a criação de oportunidades e incentivos para empresários florestais, com vista à diversificação e aumento da produção interna de madeira e bens e para a diminuição das importações de produtos provenientes da madeira.
O ministro precisou que as províncias do Kwanza-Norte, Cabinda, Uíge e Bengo são os principais abastecedores de madeira pesada, enquanto as províncias do Huambo e Benguela são os principais fornecedores de madeiras leves.
“Segundo a estimativa da avaliação global dos recursos florestais da FAO, a taxa anual de desflorestação em Angola é de 0,2 por cento. Embora não sejam números alarmantes, se comparados com outros países, este fenómeno deve merecer a nossa máxima atenção”, frisou Afonso Pedro Canga.
Por este facto – sublinhou o ministro – “é fundamental que Angola conheça melhor a situação destes recursos, para saber com precisão científica e técnica quanto tem, onde tem e como estão, com vista a poder decidir sobre as formas de poder geri-los com racionalidade, para o desenvolvimento económico nacional e para o bem-estar das gerações actuais e futuras”.
Afonso Pedro Canga salientou que os projectos e programas do sector florestal estão alinhados com o Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017, no quadro da implementação da Política Nacional sobre Florestas, Fauna Selvagem e Área de Conservação.
O Ministério da Agricultura tomou medidas para a elaboração de uma nova legislação nacional sobre florestas e fauna selvagem que, após aprovada, vai substituir a legislação em vigor, que data de várias décadas. Também foi elaborada a Estratégia Nacional de Povoamento e Repovoamento Florestal, focalizada em vários eixos de intervenção: ambiental, comercial, comunitário, investigação, agro-florestal e plantação de árvores fora das florestas.
Em parceria com outros departamentos ministeriais, no quadro do desenvolvimento do Programa de Combate à Desertificação, está a ser preparado o Programa de Relançamento da Indústria da Madeira, Mobiliário e afins, tendo em vista a diversificação e o aumento da produção interna de bens e serviços e a diminuição das importações de produtos derivados da madeira.
Inventário florestal
O primeiro Encontro Nacional sobre Inventário Florestal foi aberto quinta-feira na cidade de Cabinda, em acto presidido pelo ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, e tem por objectivo a avaliação de questões sobre o abate de árvores, exploração, os recursos orgânicos, animais, a fauna, o repovoamento e a actividade das comunidades residentes nas zonas florestais.
Na sessão de abertura, o ministro disse que a reunião remete para a necessidade da abordagem do contributo que as florestas dão ao desenvolvimento económico-social e ambiental e para o papel preponderante que elas desempenham no alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), sobretudo no combate à fome e redução da pobreza.
Metade do país é floresta
Pedro Canga considerou “imprescindível” a contribuição dos recursos florestais para a economia do país e das famílias, pelo facto de ser “uma das principais fontes de meios primários de subsistência”.
Angola tem uma superfície de floresta natural estimada em 53 milhões de hectares, o que corresponde a cerca de metade (43 por cento) do território nacional e tem uma capacidade anual de corte estimada em 326 mil metros cúbicos de madeira, milhares de toneladas de carvão e lenha.
“O nosso país dispõe ainda de uma área de floresta plantada calculada em 148 mil hectares, com um potencial de exploração anual de 800 mil metros cúbicos de madeira”, referiu o ministro.
Afonso Pedro Canga recordou que os recursos florestais são fundamentais para o país, “por constituírem uma fonte de abastecimento de bens e de provimento de serviços ligados à manutenção das funções vitais dos ecossistemas, relacionadas com a diversidade biológica, a conservação dos solos, a qualidade da água, a retenção do carbono, o controlo das inundações e a regulação do clima, entre muitas outras”.
“Não obstante isso, um conjunto de intervenções e actividades humanas nos ecossistemas florestais, quando mal exercidas, têm sido responsáveis por fenómenos degradantes, como a desflorestação, as queimadas e os incêndios florestais, a produção não sustentável de lenha e carvão, as práticas de agricultura itinerante, a exploração proibida não declarada de madeira e o abate ilegal de animais”, disse o ministro.
Actualmente, a média anual de produção de madeira em toro em Angola “ainda é muito baixa”, situando-se entre os 60 e os 80 mil metros cúbicos, muito aquém das necessidades e capacidades gerais de consumo, estimadas em cerca de 500 mil metros cúbicos, indicou o ministro da Agricultura. (jornaldeangola.com)