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    Comboio reacende trocas comerciais no Namibe

    Estação ferroviária do Namibe. Foto ANGOP
    Estação ferroviária do Namibe.
    Foto ANGOP

    Namibe – Os transportes ferroviários constituíram até as primeiras décadas do período pós-independência, na província do Namibe, um dos principais meios de escoamento de produtos e circulação de passageiros.

    A paralisação do Caminho-de-ferro de Moçâmedes, com uma extensão exclusiva para o Namibe de 211 quilómetros, “frenou” de forma notável o processo de distribuição de produtos do campo para as cidades.

    Esta contrariedade, gerada pelos efeitos nefastos da sangrenta guerra civil, cortou uma estratégica linha de mercadorias e passageiros, ávidos de “rasgar” a província, mediante carris, na direcção Este-Oeste.

    As marcas da destruição são ainda hoje notáveis nesta importante linha ferroviária, particularmente defronte a sua estrutura central, no município sede.

    Quem por ali passa, facilmente vislumbra as resistentes e enferrujadas carruagens desgastadas pelo sol, que durante anos descarregou os seus raios sobre o então “monstro adormecido”.

    Entretanto, o sufoco e as saudades de quem sonha ver reaberta a linha de ligação com as cidade do Lubango (província da Huíla) e Menongue (província do Kuando Kubango) já têm os dias contados.

    Até a primeira quinzena de Setembro, o comboio voltará a apitar em quase toda a plenitude, com sete a oito locomotivas, facilitando a transportação em grande escala de pessoas e bens, na tradicional rota entre Namibe, Lubango e Menongue.

    “A reposição para breve do Caminho-de-ferro de Moçâmedes vai dar uma alegria muito grande à nossa população, na transportação de pessoas e bens em grande escala”, afirma o director provincial dos Transportes do Namibe, João Ernesto dos Santos.

    O responsável antevê e afirma, sem medo de errar, que o retorno em pleno do comboio fará baixar os preços em vários sectores e facilitará a circulação de produtos do campo até às grandes cidades.

    “Os preços vão baixar consideravelmente, tendo em conta que os caminhos de ferro são uma alavanca para o desenvolvimento da nossa província e da região, onde se poderá circular livremente do Namibe, Lubango e Menongue e vice-versa”, diz.

    (Trabalhos de melhoria vão na recta final)

    Namibe é uma cidade privilegiada em termos de transporte ferroviário. É aqui onde parte o traçado da linha férrea (km 0) que atravessa a província da Huíla e termina no Kuando Kubango.

    Esse traçado inclui os ramais da Jamba e Tchamutete, totalizando 907 quilómetros de extensão, dos quais 211 na jurisdição exclusiva para o Namibe, partindo daí até a localidade da Chela.

    A via ferroviária divide a província quase a meio, na direcção Este-Oeste, incluindo 13 estações no percurso Namibe-Lubango, com excelente traçado, raios de curvatura mínimos e inclinações suaves.

    O troço passou por um intenso processo de transformação, assente na melhoria da linha e reparação das passagens de nível.

    A circulação regular de comboios de passageiros,recoveiros e de mercadoria do Namibe a Menongue e vice-versa só voltou a ser um facto há oito meses.

    Recomeçou na estação da Humbia, município da Bibala, 162 quilómetros do município sede, depois de um período de experimentação que teve lugar em Setembro do ano transacto.
    A primeira viajem experimental aconteceu a 21 de Setembro de 2012, depois de concluída a primeira fase da reabilitação, construção de infra-estruturas e aquisição de locomotivas e suas carruagens.

    Segundo o director provincial dos Transportes, os trabalhos de reabilitação do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes vão na fase conclusiva. Está em curso o processo de vedação de todas as estações.

    “Está-se a fazer a vedação de todas as estações do Caminho-de-ferro, trabalho de passagem hidráulica e ataque na Serra da Chela. Muito brevemente a circulação vai ser um facto a partir do Namibe até Menongue, Kuando Kubango”, assegura.

    Adianta que os novos serviços têm capacidade para atingir diariamente mil passageiros, em carruagens modernas, inovadoras e confortáveis.

    “A capacidade diária pode atingir mil passageiros por dia, em carruagens modernas e confortáveis para os passageiros, que podem ser de sete a oito carruagens. Há ainda vagões de carga, que vão naturalmente assegurar a transportação de carga pesada. O Caminho-de-Ferro do Namibe vai trabalhar com outras empresas, no sentido de poderem ser alugados os vagões para a transportação de produtos, a baixo custo. É muito rentável para os negócios”, afirma.

    (Novas carruagens terão serviço de bar)

    As novas carruagens trarão maior comodidade aos passageiros e melhor facilidade de arrumação de produtos saídos do campo ou das cidades.

    Segundo o director provincial dos Transportes, as mesmas trarão serviço de bar, algo que deixará o passageiro mais à vontade e animado para viajar.

    “O cliente que lá for sairá mesmo a ganhar. Nós participamos na inauguração do primeiro comboio experimental e vimos que são serviços bons. Julgo que com essa prestação de serviço de bar, o cliente não terá dificuldades como anteriormente”, sublinha.

    “Já não viajarão em condições difíceis, como antes, onde iam passageiros misturados a cabritos, porcos, galinhas (…). Agora a viagem nas novas carruagens já dignifica o angolano e outros passageiros”, afirma.

    Apesar das inovações, o responsável do sector quer continuar a trabalhar e atingir o serviço de excelência, honrando e dignificando passageiros do Namibe, da Huíla, Kuando Kubango ou de outras zonas da região.

    “Queremos melhorar a circulação de pessoas através da linha férrea, do Namibe até Menongue e vice-versa, dado que o comboio é um dos meios de transporte que mais carga leva, paralelamente ao navios, barcos. A nível do sector dos Caminhos-de-Ferro há um programa muito ambicioso nacional, que fez reabilitar e modernizar o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, cujo berço é na Cidade do Namibe”, salientou.

    É assim que este trabalho está na sua fase conclusiva. Foi se inaugurando a estação especial (de primeira) que está no Saco-mar, mas temos também duas estações de primeira classe na sede da cidade do Namibe, além de outra de primeira classe no município da Bibala. Temos outras estações de segunda e terceira classe, ao longo da linha férrea até à estação da Chela, que é o limite com a província da Huila”, concluiu.

    Segundo dados, o Caminho-de-Ferro de Moçamedes conta actualmente com um total de sete locomotivas, 87 vagões de carga e 60 carruagens de várias classes, com serviços de restauração para passageiros.

    É com esta frota, que a empresa se propõe recuperar o tempo perdido, ganhar a confiança de passageiros e ajudar a impulsionar as trocas comerciais entre Namibe, Lubango e Menongue, gerando recursos financeiros para a comunidade e para os cofres do Estado. (portalangop.co.ao)

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