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Ngolome – O soba da localidade do Ngolome, na comuna de Massangano, município de Kambambe ( Kuanza Norte), João Carvalho Sebastião, afirmou que as novas técnicas modernas de pesca contribuem para a redução do pescado na lagoa do Ngolome.
Em declarações ontem (quarta-feira) à Angop, no quadro da abertura oficial das actividades pesqueiras na lagoa do Ngolome, decorrida no último fim de semana, a autoridade tradicional afirmou que o uso de lanchas motorizadas, a pesca com recurso a aparelhos sonoros e de técnicas arrastão contribuem para diminuir a quantidade e qualidade do peixe.
João Carvalho disse que os pescadores da localidade têm estado a passar por muitas dificuldades devido à redução da quantidade do pescado, dificultando o retorno do investimento feito pelas cooperativas piscatórias.
Segundo o soba, a juventude, ávida em obter lucros imediatos, utilizam redes com malhas inferiores a 37, 5 polegadas e técnicas de pesca como o sistema Muduco (movimento barulhento que espanta o cardume) e de arrastão que facilita a captura de grandes quantidades de peixe, incluindo miúdo, sobretudo na fase de desova.
João de Carvalho indicou que este comportamento motivou o Kitome (a única autoridade suprema do recinto piscatório) a abster-se de realizar o ritual de tratamento da lagoa, durante onze anos, e desde então os pescadores enfrentaram muitas dificuldades.
Solicitou que, com a abertura oficial das actividades pesqueiras na lagoa do Ngolome, seja reforçado o trabalho de fiscalização da lagoa, para impedir práticas prejudiciais e aumentar a quantidade de peixe, tal como no passado.
“A lagoa do Ngolome já produziu peixe de qualidade, quer para o mercado da província, quer para outros pontos do país, mas actualmente enfrenta uma crise nunca antes vista, pela redução brusca da quantidade e qualidade do pescado”, disse.
Aconselhou os pescadores a utilizarem redes com malhas superiores a 37,5 e a utilização de técnicas de pesca mais adequadas como a armação e tarrafa para permitir a reprodução do cardume.
A lagoa tem actualmente dez fiscais honorários que exercem a actividade de forma limitada por falta de meios de transporte, incluindo uma lancha de fiscalização, situação que facilita as acções de vandalismo nas águas continentais.
Com 99 lagos piscatórios, a lagoa do Ngolome é a maior da província do Kuanza Norte, tendo ao seu redor cinco comunidades piscatórias, filiadas em cinco cooperativas, integradas por 185 pescadores. (portalangop.co.ao)