
Alfredo Cunha/LUSA
Portugal tem uma saúde e uma justiça mais robustas, mas uma população muito mais envelhecida. No início dos anos 70 para cada seis pessoas em idade de trabalhar por cada idoso. Hoje a população em idade activa caiu para metade. Perdemos pesca e agricultura, ganhámos insolvências aos milhares. Perdemos cinema português e temos 276 vezes mais concertos. Quase na mesma estão os dias sem chuva, o que já não é mau. Eram e são mais de 200 por ano, seis meses de sol para manter a esperança
Mil vezes. Há números que não são simplesmente comparáveis, mas fica a ideia: em 1974, cinco antes da criação do Serviço Nacional de Saúde, o Estado gastava com a saúde dos portugueses o equivalente a 7 milhões de euros, revelam dados do Pordata. Em 2013, as transferências do orçamento do Estado para o Ministério da Saúde rondam os 7800 milhões, portanto o investimento do país em saúde aumentou mais de 1000 vezes. A riqueza nacional cresceu mas a Saúde também conquistou mais verbas. Em percentagem do PIB, passou-se de uma fatia mingada de 0,3% do PIB para uma que, tendo já sido maior – este ano rondará os 4,7%. Só os médicos do SNS são hoje o dobro dos que trabalhavam no país em 1974, fosse no privado ou no público. No global, contavam-se em 1975 no país 11 mil clínicos e hoje são mais de 42 mil – destes 26 mil trabalham no SNS. Enfermeiros passaram de 18 592 no mesmo ano para 64 478 em 2011 – destes 40 mil trabalham no SNS. O parque hospitalar encolheu significativamente, de mais de 54 mil camas no início da década de 1970 para 35 mil – destas pouco mais de 20 mil são no SNS. Os cuidados de proximidade, como centros de saúde, aumentaram.
Entre as tendências, a natalidade é sempre mais significativa. Os partos caíram quase para metade desde o início dos anos 70.
JUSTIÇA
No início da década de 1970 existiam, em Portugal, 208 tribunais. Em 2011 eram 327. Apesar do aumento de infra-estruturas, durante o mesmo período os processos pendentes na Justiça cresceram quase dez vezes: em 1972 havia pouco mais de 175 mil processos por resolver nos tribunais portugueses, enquanto que em 2011 o número ultrapassava 1,7 milhões. É certo que hoje dão entrada mais processos na Justiça: se no começo da década de 1970 entravam, anualmente, 242 mil acções nos tribunais, há dois anos deram entrada mais de 804 mil. De acordo com os dados do Ministério da Justiça disponibilizados na Pordata, o maior salto no número de tribunais aconteceu entre 1981 e 1982, quando Portugal passou de 218 para 304. Desde 2009 até 2011, último ano disponível de dados, o número de tribunais judiciais estabilizou nos 327. No que diz respeito ao número de magistrados, em 1972 havia 429 judiciais e 248 no Ministério Público. Quase 40 anos depois, os números subiram para 1748 e 1459, respectivamente. Nas prisões, o número de reclusos quadruplicou: dois anos antes do 25 de Abril existiam pouco mais de 3400 presos, enquanto que em 2011 eram 12681 – com uma taxa de ocupação que passou de 37,9% para 105%, depois de na década de 1990 ter atingido os 120% em duas ocasiões. Ler mais
(ionline.pt)