Fotografia: Adolfo Dumbo| Mbanza Congo
As escavações destinam-se a recolher as provas para a candidatura de Mbanza Congo a património da humanidade da UNESCO.
Na cerimónia de apresentação dos sítios, que fazem parte da zona de protecção arqueológica de Mbanza Congo, a coordenadora do projecto, afirmou que a identificação foi feita por “uma empresa especializada”, com meios tecnológicos modernos contratada pelo Ministério da Cultura.
Sónia Domingos referiu ter sido possível identificar a uma profundidade de dois metros, estruturas circulares, vedações, túmulos e muros.
O trabalho de prospecção, declarou, permitiu definir como primeiro local de escavação, o perímetro adjacente às instalações da TAAG, onde foram descobertos os vestígios do antigo cemitério real criado antes do século XIX.
A coordenadora do projecto disse tratar-se de “uma zona potencialmente arqueológica” e que as escavações “vão permitir saber mais sobre os soberanos ali soterrados, crenças e modos de vida”.
A zona, salientou, é especial por estar próxima do perímetro onde vai ser erguida a estátua de D. Afonso I, cuja primeira pedra foi colocada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, em 4 de Agosto. No espaço em frente ao Kulumbimbi – a primeira igreja católica construída a sul do Sahara -, disse, foram encontradas várias estruturas circulares.
As imagens transmitidas pelo radar, revelou, mostram uma grande estrutura, de oito objectos à volta e três na parte frontal da igreja.
Mais a fundo, referiu, há outras estruturas circulares, cuja identificação somente é possível com mais escavações.
Os estudos revelam que nos locais onde está a igreja do Sagrado Coração e a Sé Catedral já existiram capelas tradicionais.
“Concluímos que estes locais eram especiais para a realização de cultos africanos e que por isso os portugueses construíram por cima outras estruturas para abafar a crença religiosa tradicional na época”, disse a responsável.
Sepulturas trocadas
Sónia Domingos afirmou que na área três, que compreende a zona do aeroporto, onde pode estar sepultada D. Mpolo, mãe do rei Nvemba a Nzinga, baptizado depois com o nome de dom Afonso I, “os resultados da prospecção são pouco animadores”.
Apesar disso, referiu, permitiram descobrir a pedra tumular que se encontra debaixo da estrutura funerária de D. Afonso I “e não da sua mãe Dona Mpolo”. Os resultados da prospecção geofísica, acrescentou, indicam também a existência de ruínas de antigos locais de culto na área dois, que inclui a Escola Santo António, propriedade das madres da congregação franciscana de Maria.
Sónia Domingos disse que logo à entrada daquela escola há estruturas de antigas igrejas “bem visíveis pelo radar”.
A área quatro, declarou, inclui a Sé Catedral e outras estruturas junto ao comité provincial do MPLA e do terreno situado por trás do Museu dos Antigos Reis do Congo.
(jornaldeangola.com)