
A província de Luanda registou desde 31 de Março os primeiros casos de dengue, uma doença que já afectou 19 pessoas, das quais duas crianças de dois anos, jovens e adultos, na sua maioria mulheres residentes no município de Viana e nos distritos urbanos da Samba, Kilamba Kiaxi, Maianga, Rangel e Ingombota.
A maior parte dos pacientes, com idades entre os dois e os 57 anos, foram tratados e não há registo de vítimas mortais. Os dados foram avançados pela chefe do Departamento de Promoção Sanitária do Ministério da Saúde, Filomena Wilson.
O mosquito causador da dengue, já foi localizado, há cinco anos, em todas as províncias do país. A sua localização foi feita por especialistas angolanos e cubanos. “As unidades sanitárias sentinelas foram rapidamente equipadas com meios eficazes, através de testes rápidos e estudos de laboratórios, para diagnosticar a doença, como resposta ao surgimento da doença”, explicou.
Filomena Wilson esclareceu que a dengue é uma doença infecciosa, cujo vírus é transmitido ao ser humano através do mosquito. O insecto abunda nos países de clima húmido e quente e em zonas com saneamento básico deficiente e de alta densidade populacional.
A dengue, de acordo com a médica, apresenta-se em várias formas: a clássica em que o paciente apresenta um quadro clínico caracterizado por febre brusca e muito alta, que ronda 39 a 40 graus, dores de cabeça muito intensa, no abdómen, nas articulações, vómitos e diarreia.
A outra manifestação é a apresentação de sintomas hemorrágicos no doente, com sangramento em qualquer parte do corpo. Outra forma complicada incide nos órgãos vitais importantes. A doença apresenta sintomas parecidos como os da malária, febre-amarela, chicungunya, leptospirose e rotavírus, por isso, deve ser realizado um diagnóstico diferencial rápido.
Diferente da malária
Relativamente à diferença entre a dengue e a malária, Filomena Wilson afirmou que a doença dengue é transmitida por um vírus, enquanto a malária é causada por um parasita chamado plasmódio e transmitida por um mosquito fêmea.
Explicou que as manifestações clínicas, na fase clássica, são semelhantes. Contudo, a diferença reside no facto do doente com dengue sentir dores na parte traseira dos olhos, o que não é frequente noutras doenças. O mosquito da dengue pica durante o dia, contrariamente ao da malária que pica à noite e na parte inferior do corpo “porque não consegue voar mais de meio metro e cresce em águas limpas”, disse Filomena Wilson.
Vigilância sob controlo
A médica tranquilizou população garantindo que não se registar ainda no país um surto da doença, “porque registámos apenas alguns casos que na sua maioria têm sido tratados”, disse.
Aconselhou aos pacientes com a febre durante mais de dois dias para se dirigirem às unidades hospitalares de referência. Os pacientes não devem fazer a automedicação, com recurso ao consumo da aspirina e outros fármacos à base de salicilatos, porque estes medicamentos podem agravar o quadro clínico do doente. Os hospitais já estão preparados para atender os doentes que apresentarem sintomas de febre parecida com a dengue. Os pacientes são submetidos a várias análises para detectar a origem do mal-estar.
Tendo em conta que o mosquito se desenvolve em águas limpas, aconselhou as donas de casa a melhorarem a higiene, para evitar a presença de mosquitos, e tapar convenientemente os reservatórios.
Filomena Wilson referiu que o Ministério da Saúde vai reforçar a distribuição de mosquiteiros à população, para evitar a picada de qualquer tipo de mosquito. Angola está incluída, desde 2008, na lista de países da Organização Mundial da Saúde (OMS), onde se manifesta o mosquito transmissor do vírus da dengue.
O Ministério da Saúde indicou seis hospitais de âmbito nacional que são as unidades sanitárias e sentinelas de vigilância dos casos da síndrome febril. São as maternidades Ngangula e Lucrécia Paím, e os hospitais Pediátrico David Bernardino, Josina Machel, Américo Boavida e do Prenda.
Filomena Wilson assegurou que estes hospitais têm todas as condições para diagnosticar a doença.
A médica informou que os pacientes podem também recorrer aos serviços dos hospitais Divina Providência, Cacuaco, Geral de Luanda, Kapalanga, Cajueiros e aos centros de saúde da Samba, Terra Nova e 4 de Fevereiro.
O Ministério da Saúde vai recorrer à parceria do sector dos Transportes e outras instituições, com vista à sua participação nas medidas de combate ao vector e na desinfestação de aeronaves e navios de grande porte, adiantou Filomena Wilson. (jornaldeangola.com)