José Maria Neves, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) desde 2000 e primeiro-ministro desde 2001, discursava na abertura do XIII Congresso da maior força política cabo-verdiana, intervenção antecedida por uma homenagem ao antigo primeiro-ministro e chefe de Estado Pedro Pires.
“É um dever patriótico de todos e Cabo Verde não pode perder esta oportunidade de falar a uma só voz no plano internacional, para que continue a desenvolver-se. Mas, para isso, é precisa uma forte confiança e são precisos consensos entre todos os partidos políticos”, disse José Maria Neves.
Numa intervenção de quase 45 minutos, o líder do PAICV, eleito no cargo pela quinta vez consecutiva nas “diretas” de 10 de março último, salientou que entre os consensos estão “matérias muito concretas”, como a instalação do Tribunal Constitucional (TC) e da Provedoria de Justiça, da reconstituição da Comissão Nacional de Eleições e a elaboração de Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos.
O líder do PAICV ressalvou que a crise internacional “afeta um pequeno Estado arquipelágico e vulnerável” como Cabo Verde, cujos interesses têm de estar acima dos partidários, pois trata-se de um país de desenvolvimento médio mas de renda baixa, “ainda na fase delicada do ‘take off'” e sujeito a “fortes constrangimentos restritivos”.
Perante cerca de 700 pessoas, entre delegados (507), delegações de partidos de Portugal (PS e PCP), Guiné-Bissau (PAIGC – Carlos Gomes Júnior), Angola (MPLA), Moçambique (Frelimo), São Tomé e Príncipe (MLSTP), entre outros, José Maria Neves não fez qualquer referência ao facto de ser este o último mandato que vai cumprir como líder do PAICV.
O presidente do PAICV já assumiu publicamente que deixará o cargo no próximo congresso, previsto para fins de 2014 princípios de 2015, mas que irá manter-se à frente do Governo até ao final da legislatura, em 2016, ano em que, coincidentemente, se realizarão também as presidenciais e autárquicas.
Nesse sentido, José Maria Neves defendeu que o PAICV do futuro deve continuar a ser “a força da transformação”, lembrando os ganhos já conseguidos na educação, saúde, proteção social, empreendedorismo e investimentos em infraestruturas, com vista a modernizar o país.
“Penso que todos juntos, temos estado à altura desta enorme responsabilidade. Vejam, dentro de apenas dois anos, o nosso país estará a celebrar os 40 anos da independência. E, desses quarenta anos, trinta terão sido de governação do PAICV”, salientou, lembrando que até 2030 o partido quer tornar o país desenvolvido.
A renovação dos quadros, a ratificação da liderança de José Maria Neves como presidente do PAICV e o debate de temas como “Que Partido para o Século XXI” e “Cabo Verde no Horizonte de 2030” centram os trabalhos do congresso, que se prolonga até domingo e se subordina ao lema “Por Cabo Verde, Uma Nova Ambição”.
(lusa.pt)