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    Super bactéria e dengue na ordem do dia

    (OPAIS)
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    Pelo menos uma estirpe de super bactéria, resistente aos antibióticos, foi encontrada em doentes angolanos na África do Sul. Fontes próximas do caso afirmaram a O PAÍS que as bactérias foram isoladas no Sunninghill Hospital de Joanesburgo, do grupo Netcare, e que os doentes teriam tido passagens pelas UTI das clínicas Girassol e Sagrada Esperança, em Luanda.

    Contactados por este jornal, os responsáveis clínicos destas unidades dizem não ter conhecimento dos casos e que não receberam qualquer informação quer das autoridades de Saúde sul-africanas, quer do próprio Sunninghill Hospital. Na Clínica Sagrada Esperança, a dra.  Conceição Pitra disse que a clínica tem um mecanismo de vigilância para prevenir possíveis infecções e que até às últimas análises não se tinha qualquer sinal de bactérias NDM. Reafirmou não ter conhecimento do assunto e que uma verificação, ou seja, a busca pela bactéria na clínica, necessitaria de mais de um mês, com a cultura laboratorial de amostras para isolar a bactéria. Na Clínica Girassol resposta foi no mesmo sentido: Não havia informação de tais eventos em doentes daí transferidos.

    O Hospital Américo Boavida, também citado nos relatos de angolanos na África do Sul, descartou qualquer possibilidade, tanto pelo sistema de vigilância que tem a funcionar, como pelo facto de não enviar doentes para o exterior. “Os nossos doentes vão de junta médica, não fazemos transferências, não têm dinheiro, e em caso de infecções graves, se tivessem que esperar pela junta, morriam”, disse um responsável clínico que não se quis identificar.

    Entretanto, da África do Sul, o grupo Netcare optou por uma postura defensiva, ao não responder nem sim, nem não às perguntas enviadas por este jornal, preferindo dizer que as suas clínicas têm políticas rigorosas de vigilância de infecções em doentes vindos de viagens recentes e naqueles casos de doentes transferidos de outras unidades hospitalares para, no caso de lhes ser detectada a bactéria, serem devidamente tratados e em segurança.Entretanto, entre alguns doentes na África do Sul

    Bactérias KPC

    As bactérias KPC ou bactérias super-resistentes a antibióticos são um fenómeno recente inicialmente observado em pacientes que viajaram ao sul da Ásia  para fazerem cirurgias plásticas e regressaram aos seus países. O primeiro estudo foi publicado em 2009, na revista médica The Lancet e refere-se ao gene NDM-1, encontrado até ao momento nas bactérias Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, que causam pneumonia e infecção urinária. Esse gene produz resistência até aos antibióticos da classe das carbapenamas e pode levar a uma preocupante pandemia num futuro próximo.

    Segundo os cientistas da Universidade de Madras, as novas bactérias chegaram à Grã-Bretanha levadas por pacientes que viajaram à Índia e ao Paquistão para realizarem tratamentos cosméticos. Ao acompanharem pacientes com sintomas suspeitos, eles encontraram 44 casos (1,5% dos investigados) em Chennai e 26 (8%) em Haryana, na Índia. Eles também detectaram a super-bactéria no Bangladesh e no Paquistão, bem como em 37 casos na Grã-Bretanha. Os únicos antibióticos efectivos foram a tigeciclina e a colistina.Os pesquisadores alertam que o gene se instala nos plasmideos, estruturas do ADN que podem facilmente ser copiadas e transmitidas para diversos outros tipos de bactéria. “Isso sugere uma alarmante possibilidade de o gene se espalhar e modificar toda a população de bactérias”, disse ao Correio Braziliense Timothy Walsh, médico descobridor do gene. A mutação foi causada pelo uso excessivo de antibióticos e devido à falta de grandes cuidados higiénicos nos países citados.O gene já foi detectado também na Austrália e em Portugal, onde a notificação compulsória foi instituída em Outubro, sempre que a investigação de bactérias resistentes aos carbapenemas revelar a enzima NDM-1. O fenómeno da resistência bacteriana é antigo e decorre de uso indiscriminado de antibióticos e de má higienização nos hospitais. A diferença é que desta vez a resistência chegou ao nível em que nenhum antibiótico surte efeito contra as bactérias. Nas palavras do médico David Livermore, da Agência Britânica para a Protecção de Saúde.Entretanto, o problema ainda se restringe a ambientes hospitalares. O insectologista brasileiro  Alexandre Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal, explica o problema da seguinte forma:“quem corre mais risco de infecção são pacientes que estão com sonda, catéter, punção venosa ou em outra situação que possa favorecer a infecção bacteriana.

    Mas, para quem visita o paciente, o risco é de ser colonizado pela bactéria, algo muito diferente de ser contaminado. Ou seja, a bactéria pode estar presente nas mãos, nos braços e no trato digestivo do visitante que manteve contacto com o paciente, mas ele só correrá o risco de contaminação se a sua saúde estiver debilitada e ele estiver com a imunidade baixa”. (opais.net)

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