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    Uma “pioneira” da rádio

    Cristina Caetano (OPAIS)
    Cristina Caetano (OPAIS)

    Com mais de 30 anos de carreira, repartidos entre a Rádio Nacional de Angola (R.N.A.) e a Televisão Publica de Angola (T.P.A.), Cristina Caetano é das pessoas a quem se atribui cerca de mil ocupações. Actualmente, Cristina divide-se entre a Radio, o Ministério das Finanças e o seu estágio de advocacia.

    Num ambiente descontraído e afável a VIDA conversou com antiga apresentadora do programa radiofónico Pió-pió, emitido pelo canal A da Rádio Nacional de Angola, nos anos 80. Caetano, como é conhecida no meio familiar, começou por falar sobre a sua entrada no canal A e na Televisão Pública de Angola.

    Nos anos 70, Cristina estava enquadrada nas fileiras dos Pioneiros Agostinho Neto (O.P.A.), onde aprendeu a interagir e a dizer poesia para o público. Os poemas do livro Sagrada Esperança, para a menina de doze anos, na altura, eram decorados como se fossem os capítulos e versículos da Bíblia Sagrada, como nos contou.

    “Como estávamos a viver um período difícil em Angola, sobretudo com o desaparecimento físico do saudoso presidente António Agostinho Neto. Fomos convidados á efectuar uma visita aos órgãos de comunicação social nomeadamente a TPA, R.N.A. e o Jornal de Angola”.

    Cristina foi convidada, na ocasião, a declamar alguns poemas e fê-lo na perfeição. A firmeza da sua voz chamou a atenção dos responsáveis presentes na actividade. “Depois do certame perguntaram-me se não queria voltar para experimentar a colaborar no programa infantil que a televisão tinha na época, denominado o “Futuro da Nação”. Foi assim que tudo começou.

    Cristina também era conhecida nas lides da O.P.A. como a menina do Chora-Chora, quando em 1977 declamou um poema em homenagem aos pais que perderam os seus filhos nos conflitos que marcaram o fraccionismo. “Este pai chora-chora, chora com razão / queimaram Saidy Mingas e as cinzas estremeceram o chão”, lembrou.

    Tinha apenas 12 anos quando começou a trabalhar na Televisão. Naquela época, as imagens eram transmitidas a preto e branco e as actuais instalações ainda inadequadas. Pelo tempo que lá esteve, Cristina Caetano diz fazer parte da primeira geração de quadros da T.P.A., tendo acompanhado as evoluções da estação televisiva. Caetano diz que a T.P.A. faz parte da sua vida e mostra-se disposta a regressar.

    Questionada sobre a qualidade dos profissionais da nova geração, cristina diz que os jornalistas da nova geração têm de respeitar o código e ética profissional do jornalista. “Nós, os jornalistas, devemos relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade”. Acrescenta que o jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e contra as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar.
    Lembra-se do primeiro dia perante um microfone?

    Não foi fácil. A primeira vez que tive a honra de usar o microfone da R.N.A. foi num programa em directo, Mas o feedback foi tão positivo que recebi o incentivo de muita gente. Depois aconteceu tudo tão rápido que quando me dei conta já estava a fazer o programa Pió-pió. A seguir vieram programas de cultura, enfim, foi acontecendo. Fui abençoada por Deus e tive muitas oportunidades.
    Alguém a apoiou no início de carreira?

    Na altura em que entrei na RNA ninguém apoiava ninguém, estavam todos a lutar para ter o seu lugar, não de chefia, mas para ter algum reconhecimento. Era sempre uma luta para ver quem falava ao microfone. Para se ter uma ideia, os locutores da RNA eram o Joaquim Gonçalves, o Arlindo Macedo, a Paula Simons, o Francisco Simons, a Carla Castro, pessoas que naquela altura se podiam considerar profissionais insubstituíveis.

    Considera-se uma estrela?

    Ainda bem que me pergunta isto. Eu costumo sempre dizer que é preciso ter muito cuidado. Porque hoje somos estrelas, mas amanhã poderemos ser ofuscados. Todos os dias aparecem pessoas talentosas e se não tivermos cuidado desaparecemos. E eu não gosto de correr este risco. Por isso trabalho arduamente e procuro sempre aprender porque nunca se deixa de aprender. Não me considero uma estrela. Considero-me apenas alguém competente e cujo trabalho tem sido reconhecido pelo público. Sem nunca perder o que me fez chegar até aqui.
    Voltando aos jovens, como avalia a sua prestação na sociedade?

    Eu penso que é boa, em particular na comunicação social, que é o ramo em que estou inserida e onde vejo que já há muitos jovens a fazer bem o seu trabalho. Estão a fazer bem o seu papel que é injectar sangue novo nas veias da comunicação social. Nas outras áreas também se nota isto. Mas falo apenas da comunicação social porque é o sector a que estou mais atenta e isso é visível.
    Alguma vez pensou em desistir da carreira?

    Não tenho motivos [risos], sou abençoada por Deus. Como diz o ditado bíblico, ‘se Deus é por nós, quem será contra nós?’. (opais.net)

    Osvaldo Manuel

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