António Imperial (Baião), um dos principais conselheiros domúsico e compositor Zecax e conhecido guitarrista dos “Jovens do Prenda”, falou sobre o cantor.
“Conheci o Zecax no Bairro Marçal, nos anos 70, quando ele fez parte do agrupamento ‘Mini-Bossa 70’. Estávamos na época dos pequenos agrupamentos, que irradiavam das grandes bandas musicais. Anos depois, passou pelo ‘Ndimba Ngola’ e depois no ‘Surpresa 73’, onde interpretou o tema ‘Colono’, um dos grandes sucessos da época que iniciava o fervor revolucionário. Por mérito próprio e reconhecido valor artístico, levei-o depois para os ‘Diamantes Negros’, um conjunto ligado ao Ministério da Cultura. Depois trabalhou no registo civil, como funcionário público e convidei-o, nesta altura, para os ‘Jovens do Prenda’, na época do ressurgimento do grupo, patrocinado pelo empresário José Kandango, onde teve uma passagem retumbante, que marcou a gloriosa história dos ‘Jovens do Prenda’. Daí foi a sua passagem pelos Kiezos e ‘Semba África’. Do ponto de vista musical, pouca gente sabe que o Zecax foi um excelente guitarra ritmo, um facto que facilitava o processo de composição das suas canções. Enquanto cantor e compositor, não sei se estou a ser exagerado, o Zecax é uma figura que já tem o seu nome gravado com letras de ouro na história da música popular e tem o seu lugar merecido na linha da frente dos consagrados. Esta sua dimensão artística, cujo alcance reconheço desde os primórdios da sua carreira, fez-me tê-lo sempre em conta, quando o assunto era convidar um cantor, nos grupos por onde passei. A dimensão rítmica da música de Zecax relaciona-se com a pulsação das gentes de Luanda, concretizada, fundamentalmente, no culto pelo semba e pela música que vem dos carnavais. Zecax estava possuído pela forma de cantar dos mais velhos. Julgo que ele merece uma digna e prestigiosa homenagem. Paz à sua alma.” (jornaldeangola.ao)