Os preços das botijas de gás de cozinha estão a atingir a dimensão de autênticos assaltos aos consumidores. Nos mercados paralelos o gás butano vai de três mil a cinco mil kwanzas, quando o preço tabelado é de 600 a 700 kwanzas. Os especuladores atribuem as culpas ao mau estado da via que liga à fábrica de gás da Sonangol.
Além de caro, o gás desapareceu do mercado. Para comprar uma botija, os consumidores têm de permanecer durante horas em filas que começam de madrugada e muitas vezes nem são atendidos.
Ângela Gomes chegou ao armazém revendedor na antiga fábrica Macambira às cinco e meia da manhã e até às dez horas ainda não tinha sido atendida: “desde que cheguei já atenderam muitas pessoas mas há muita dificuldade para adquirir o gás. As vendedoras compram cá dentro ao preço da tabela e vendem lá fora a preços absurdos”.
O revendedor Antunes Henriques disse que a venda está difícil devido às más condições das vias de ligação à fábrica e os meliantes aproveitam este factor para assaltar os camiões”. Por isso, poucos revendedores de Luanda vendem o produto e mesmo assim em quantidades muito reduzidas.
Rosa de Jesus está revoltada. O motivo é muito sério. O preço do gás de cozinha subiu no mercado paralelo e os consumidores não conseguem adquirir as botijas nos agentes revendedores da Sonangol Distribuidora. A botija de gás que custa oficialmente 600 a 700 kwanzas está a ser comercializada no mercado paralelo de 3.000 a 5.000 kwanzas, quando, ainda há duas semanas podia ser adquirido, mesmo na especulação, entre os 1000 e os 1.200 kwanzas.
O preço do gás está tão elevado que surpreende os próprios revendedores da Sonangol Distribuidora.
Mas, de acordo com o jovem revendedor Antunes Henriques, cabe à Polícia Económica fazer o seu trabalho e reprimir a especulação dos candongueiros. A gerente da Saigás no mercado dos Congolenses, Maria Luísa, diz que é necessário chamar a polícia: “nós vendemos o gás a 700 kwanzas e aqui mesmo na rua os candongueiros estão a vender a 3.500 kwanzas”. O responsável da comunicação e imagem da Sonangol, João Rosa Santos, confirmou ao Jornal de Angola, que as vias que ligam o centro da cidade à fábrica de enchimento das botijas de gás estão em obras e por isso há dificuldades de abastecimentos aos distribuidores e revendedores:
“Estamos a fazer tudo para melhorar a situação, inclusive criámos vias alternativas para que o gás butano chegue aos locais de revenda, vamos utilizar todos os meios que estiverem ao nosso alcance para resolver a situação”.
O Jornal de Angola contactou a Polícia Económica para saber se há operações para combater a especulação que atinge a dimensão de autênticos assaltos aos consumidores. Mas até à hora do fecho desta edição não obtivemos nenhuma resposta.
A subida do preço do gás está a deixar as donas de casa desesperadas, um assunto que volta sempre à ribalta no final de cada ano.
Krise Flora revelou, que a situação está criar situações desagradáveis, porque a quem já procura outras alternatinas para conzinhar, “tenhos vivinhos que estão a conzinhar na lenha ou no carvão, é muito triste”, disse.
“A Polícia Económica e os Serviços de Fiscalização do Governo Provincial de Luanda têm de intervir, porque este ano os candongueiros estão a exagerar no preço do gás”, comentou Marlene Vicente, quando estava numa fila, desde as seis da manhã, para adquirir uma botija de gás no revendedor da antiga fábrica Macambira. (jornaldeangola.com)