A Justiça Federal em Brasília mandou soltar o bicheiro Carlinhos Cachoeira para que cumpra, em regime semi-aberto, uma pena de cinco anos.
O relator da CPI do Cachoeira vai pedir o indiciamento do governador de Goiás, do dono da construtora Delta e de outras 44 pessoas. As conclusões estão no relatório final que deve ser apresentado na quarta-feira (21).
O governador de Goiás disse que o indiciamento dele é resultado da disputa política na CPI. “O que a gente percebe agora é que o relator que é ligado a um partido político tem um único objetivo: me prejudicar politicamente porque lá atrás eu fiz uma denúncia relativa ao mensalão”, afirma Marconi Perillo.
Perillo foi indiciado por seis crimes, entre eles corrupção passiva e formação de quadrilha. De acordo com o relatório, teria recebido contribuição de campanha das empresas de Cachoeira.
O relator afirma que Marconi Perillo “efetivamente associou-se à organização criminosa chefiada por Carlos Cachoeira, colaborando intensamente para o êxito e a perpetuidade das atividades criminosas em várias searas e foi regiamente recompensado, política e economicamente por cachoeira e todo o seu braço empresarial”.
O relatório também recomenda o indiciamento do ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish, por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O bicheiro Carlinhos Cachoeira foi acusado de ser sócio-oculto da Delta
O deputado federal Carlos Alberto Leréia, do PP de Goiás, tem o indiciamento recomendado por sete crimes. O Ministério Público também solicita mais investigações sobre o deputado Sandes Júnior, do PSDB goiano. Os dois são acusados de fazer nomeações para o governo de Goiás de pessoas ligadas a Cachoeira.
O ex-senador Demóstenes Torres, que teve o mandato cassado em julho, também foi alvo de pedido de indiciamento por quatro crimes.
O relatório da CPI não pediu o indiciamento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, nem do ex-chefe de gabinete dele, Claudio Monteiro, citado em gravações da Polícia Federal. De acordo com o relatório, a quadrilha tentou, mas não conseguiu ser beneficiada pelo governo do Distrito Federal. Mesmo assim, dois funcionários do governo Agnelo, que trocaram telefonemas com integrantes da quadrilha, foram indiciados.
O relatório da CPI pede o Conselho Nacional do Ministério Público também analise a atuação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no caso da operação Vegas, que investigou a ligação de Cachoeira com autoridades e políticos. Para a CPI, o procurador suspendeu a investigação sem nenhuma justificativa.
“Parece a mim mais claramente uma represália em relação ao processo do mensalão do que o resultado que foi investigado pela CPI. Foi da investigação da Procuradoria Geral da República que começou essa CPI. Ele não poderia, por razões óbvias, entrar entre os investigados no rol apontado pela CPI”, afirma o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
A assessoria da Delta declarou que Fernando Cavendish vai apresentar sua defesa à Justiça.
O advogado de Demóstenes disse que a CPI tem conteúdo político, e que espera o julgamento na Justiça.
O deputado Carlos Alberto Leréia, o prefeito Raul Filho e o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu, não se pronunciaram. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também não quis se manifestar. Disse que não foi comunicado do relatório oficialmente.
Fonte: GLOBO
