São identificados como sendo milhares os cidadãos que trabalharam para a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) como formadores e delegados de mesa e agora aguardam pelo pagamento dos seus subsídios depois das eleições gerais de Agosto último vencidas pelo MPLA.
As formações aconteceram em Julho do corrente ano, um mês antes do pleito ganho pelo partido liderado pelo cabeça de lista José Eduardo dos Santos. Cada grupo de formadores ministrou quatro sessões para um colectivo de cerca de 300 membros de mesa.
Foram três formações e uma quarta de reciclagem, segundo informações apuradas por este semanário.
“Até agora não nos dizem nada e não sabemos quando é que terá início o pagamento apesar de já termos feito o trabalho que nos foi solicitado”, contou um dos formadores.
Aos formadores foi solicitado em Julho passado as respectivas contas bancárias, antes mesmo de ter começado o processo de formação, um mês antes das eleições.
Aos demais integrantes das assembleias de voto fez-se o mesmo pedido depois dos trabalhos eleitorais de 31 de Agosto ao serviço da Comissão Nacional Eleitoral.
Cada uma das comissões municipais eleitorais encarregou-se de receber as coordenadas bancárias dos funcionários para se efectuar os referidos pagamentos, o que não veio a acontecer até ao momento.
Agora, segundo apurou OPAÍS, são as respectivas comissões provinciais eleitorais que estão a ser pressionadas para resolver o problema no mais curto espaço de tempo.
Em Luanda, alguns funcionários da CNE tentam pressionar o presidente da Comissão Provincial Eleitoral, Manuel Pereira da Silva, de quem exigem uma explicação sobre o atraso.
Na terça-feira, 9, alguns formadores afectos ao município do Cazenga, um dos mais populosos da capital, receberam 150 mil Kwanzas, mas estes manifestavam-se descontentes com os valores recebidos.
Formadores ouvidos por O PAIS falavam na possibilidade de receberem perto de 400 mil Kwanzas pelas quatro formações, à razão de 100 mil por cada uma.
“É por esta razão que já há algum descontentamento. Muitos até pensam em fazer uma manifestação por causa da redução do dinheiro a que temos direito. Haverá uma reunião nos próximos dias onde vamos debater este assunto”, contou outro formador que preferiu o anonimato.
BANCOS NA ORIGEM DOS ATRASOS
Uma fonte da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) assegurou a O PAÍS que actualmente as representações provinciais estão a rever as contas bancárias fornecidas pelos indivíduos que trabalharam durante as eleições de Agosto.
Foram solicitadas contas referentes aos vários bancos públicos e comerciais existentes no país. Mas os que possuem nas segundas estruturas bancárias poderão receber os seus pagamentos com um ligeiro atraso, uma vez que a principal entidade que deverá fazer os referidos depósitos é o Banco de Poupança e Crédito.
“Muitos bancos comerciais têm a mania de ficar a trabalhar ainda com o dinheiro dos clientes, ao passo que os clientes do BPC terão o que lhes é devido no mesmo dia”, contou a fonte deste semanário.
E acrescentou: “neste momento posso assegurar que estamos a verificar as contas bancárias que as pessoas forneceram, mas dentro em breve terão o dinheiro”.
FONTE: O País