O secretário provincial da Agricultura, João Tati Luemba, anunciou ao Jornal de Angola o arranque de um projecto agro-industrial que vai tirar a província de Cabinda da agricultura de subsistência com a produção em larga escala de milho, carne bovina e suína, ovos, frangos, óleo de palma e outros produtos agrícolas para abastecer o mercado interno.
O projecto tem a cooperação israelita e está a nascer no perímetro Socoto/Dinge. O arranque foi este ano e entra em plena produção em 2015. Além da agro-pecuária, o projecto inclui a produção de biocombustíveis e vai revitalizar a produção e comercialização do óleo de palma. Tem uma vertente de pesquisa e desenvolvimento de sistemas de produção e comercialização das culturas da mandioca, banana e batata-doce.
“O projecto está em curso com o levantamento topográfico e outros serviços técnicos. Quando concluído vai ser uma mais-valia para a população da província de Cabinda, porque assegura alimentos para todos, a baixos preços, e promove o aumento do rendimento individual”, disse João Tati Luemba.
O projecto tem grande dimensão na produção de ovos, carne bovina, frango e óleo de palma, o que vai garantir à província de Cabinda auto-suficiência nestes produtos.
O sector industrial permite aproveitar os excedentes que se registam na produção da mandioca, da banana e do milho entre os camponeses que fazem agricultura de subsistência.
A primeira fase do projecto, que fica concluída em 2015, permite igualmente produzir cereais em larga escola para alimentar a indústria de rações para criação de animais.
Está igualmente em marcha o projecto de revitalização dos palmares. Estão em fase de instalação na província sistemas de comercialização do óleo de palma o que vai dar um maior incentivo aos camponeses que se dedicam a esta produção. Para viabilidade do projecto, disse Tati Luemba, a Direcção Provincial da Agricultura vai levar a cabo um programa de substituição de palmares que já têm mais de 50 anos por outras espécies melhoradas: “vamos intensificar a criação de viveiros em todos os municípios”.
O objectivo do projecto na vertente da produção de óleo de palma é dinamizar o comércio, abastecer o mercado interno e transferir os excedentes para outras fábricas na província de Cabinda ou na província do Zaire”, disse Tati Luemba.
Fomento pecuário
A prática da pecuária em Cabinda teve sempre pouca expressão. Para tornar a província numa região auto-suficiente em termos de produção e comercialização de carne, o Governo Provincial tem dedicado uma atenção especial ao fomento pecuário.
Para tal, está a investir um milhão de dólares na aquisição de gado bovino, suíno, caprino e galinhas poedeiras rústicas, para serem distribuídos aos produtores e aos camponeses nas comunidades rurais. O secretário provincial da Agricultura recorda que o programa de fomento pecuário na província de Cabinda começou em 2008.
O governo já investiu 700 mil dólares na aquisição de 3.000 cabeças de gado bovino, 70.757 suínos, 29.995 caprinos e 2.120 ovinos. João Tati Luemba anunciou que brevemente a província de Cabinda vai receber mais mil cabeças de gado bovino da raça “ndama”, da República Democrática do Congo, uma variedade muito resistente à doença do sono, que afecta consideravelmente a população bovina das províncias nortenhas do país.
O programa de fomento pecuário visa tornar a província de Cabinda numa região auto-suficiente em termos de produção de carne: “no início deste projecto, Cabinda tinha menos de 600 cabeças de gado bovino e hoje o efectivo animal aumentou para 3.000 bovinos trazidas da RDC, resistentes à doença de sono”, disse. O gado importado pelo Governo Provincial é de distribuição gratuita aos camponeses: “o gado é distribuído de forma gratuita mas o criador assume o compromisso de não abater nenhuma sem a autorização da Secretaria da Agricultura. Os criadores têm todo o apoio em termos de tratamento do gado em casos de doença”, referiu João Tati Luemba. Anualmente são vacinadas contra a dermatite nodular e a peripneumonia bovina contagiosa 3.000 bovinos e 6.000 animais de estimação.
Incentivos à agricultura
A província de Cabinda, constituída por quatro municípios, tem uma população de 450 mil habitantes, que na maioria se dedica à agricultura de subsistência. O clima é tropical quente e devido aos vários rios, os terrenos são propícios à prática de agricultura e pecuária durante todo o ano.
O Programa Especial de Desenvolvimento Rural do Instituto de Desenvolvimento Agrária, que consiste no relançamento das principais culturas, está a permitir que 74 mil famílias camponesas saiam da situação de pobreza.
Para concretizar o programa, o Governo Provincial está a subvencionar os custos dos factores de produção, da preparação de terras e a garantir assistência técnica. O secretário provincial da Agricultura revelou que nos projectos do governo estão envolvidas 34 mil famílias agrupadas em 111 associações de camponeses e 60 cooperativas.
A produção agrícola na província atingiu níveis satisfatórios, no âmbito da execução do Programa de Governo 2008/2012. Os camponeses produziram cerca de dois milhões de toneladas de produtos com destaque para a produção da mandioca, banana, feijão, abacaxi e hortícolas.
No sector privado, os níveis de produção de hortofrutícolas cresceram consideravelmente graças a produção em estufas no tempo da chuva, ao número cada vez maior de produtores, ao fácil escoamento e comercialização da produção e aos créditos de campanha.
No sector campesino, o Governo Provincial actua directamente no melhoramento dos níveis de abastecimento aos camponeses, no aprovisionamento, distribuição e comercialização da produção com a realização periódica de feiras agro-pecuárias.
João Tati Luemba defende que nesta fase é indispensável criar infra-estruturas agro-industriais para transformar os excedentes provenientes da actividade campesina.