Os ritmos que mostram a diversidade e riqueza da cultura angolana foram apresentados ontem, em Yeosu, a coreanos e a milhares de turistas presentes na Expo, pela música e dança, no quadro das actividades que marcaram o Dia de Angola.
Passavam 45 minutos das 10 horas, quando o grupo de dança tradicional Semba Muxima fez as honras da casa. A tentar entender, um pouco, aquilo a que assistia, o público presente, que lotou o Expo hall, observou atento os passos das bailarinas que acompanhavam o compasso do batuque, do hungo, reco-reco e da dikanza.
Para dar um pouco mais de energia ao espectáculo, o grupo convidou a cantora Esmeralda a acompanhá-lo. Num casamento perfeito entre a música e a dança, com o som dos batuques a comandar o ritmo, os artistas conseguiram arrancar as primeiras emoções da plateia, que já levantava, timidamente, a pequena bandeira de Angola que tinha nas mãos.
Mas foi somente após 16 minutos, quando o Ballet Tradicional Kilandukilo subiu ao palco, com os dançarinos pintados e vestidos como se fossem guerreiros africanos, que o público sentiu a energia do espectáculo, já que depois da actuação ouviram-se as primeiras palmas da plateia.
Em 10 minutos, o grupo angolano conquistou a assistência e decidiu fechar a sua actuação com uma união Semba Muxima, Nanuto e Malu. Com a voz da cantora, o som do saxofonista, o ritmo dos batuques e a cadência das bailarinas, a primeira parte do espectáculo ficou concluída. Eram 11h25 em Yeosu e o dia, já de si quente, ainda ia aquecer mais. Depois da assinatura do livro de honra, pelo ministro da Geologia e Minas e Indústria, Joaquim David, e pelo comissário da Expo Yeosu, Lee Joon-Hee, e de ter sido feita uma visita ao pavilhão de Angola, foi a vez de Nanuto se juntar à festa dos batuques com o seu saxofone.
Num harmonioso cruzamento de sons, o saxofonista e o grupo animaram o público, no mesmo momento em que decorria um desfile de moda, com trajes da estilista Mia Mendes. Os artistas cederam o palco, para que a cantora Bruna Tatiana pudesse mostrar aos presentes o que a nova geração de músicos tem feito. Acompanhada de uma banda, interpretou alguns dos seus sucessos.
Mas foi o “menino da Lunda”, ao mostrar a beleza da tchianda, o primeiro a roubar a segunda ovação da plateia. Com a sua tradicional guitarra na mão, Gabriel Tchiema mostrou, em músicas como “Azwlula”, a cultura Lunda aos coreanos. Pela recepção que teve, parece ter conseguido cumprir o seu papel nesta edição da Expo. Para os angolanos presentes, que o acompanharam nas músicas, foi como “voltar para a banda”.
A fechar o espectáculo, Lina Alexandre subiu ao palco e, num estilo só seu, que também encantou os presentes, mostrou a sua experiência, com temas que realçam, em particular, a cultura bakongo. Com o fechar das cortinas, às 15h48, os artistas tiveram um descanso de pouco mais de quatro horas. Às 20h05, já no anfiteatro do Hotel The Ocean Resort, prosseguiram os espectáculos do Dia de Angola.
O início deste “terceiro” bloco de concertos, um pouco mais social, esteve a cargo do grupo Semba Muxima que, no seu registo sempre tradicional, prendeu as individualidades angolanas e coreanas presentes na gala.
O grupo apresentou a tradição muxiluanda, o xinguilamento, numa actuação em que os panos vermelhos e pretos das dançarinas estabeleceram harmonia com as missangas e adornos usados por elas, para evidenciar a ligação da cultura nacional com o lema da Expo: o mar e os oceanos.