Os curadores do pavilhão nacional na Expo Yeosu 2012, Fernandes de Carvalho “Tozé” e Filipe Vidal, seleccionaram diversos quadros cujo teor reflecte o mar, as suas vantagens e as tradições que o ligam aos angolanos, para exibir a milhares de visitantes.
A exposição colectiva, que reúne quadros de Van, Eleutério Sanches, Etona, Maimba, Filomena Coquenão e Álvaro Macieira e foi montada na segunda-feira, está aberta ao público até ao próximo dia 30 e vai ser uma das atracções do Dia de Angola na Expo, que hoje se assinala.
O curador e artista plástico Tozé considerou ontem ser um orgulho para os criadores angolanos poderem mostrar a sua arte numa actividade com a magnitude da Expo. “Um artista deve fazer a sua carreira a percorrer o mundo e esta é uma possibilidade dos pintores e escultores angolanos o poderem fazer. Portanto, é uma honra estar presente nesta mostra a dignificar o nome do país”, destacou.
Adiantou ainda que a maioria dos quadros, que incluem uma colecção de 53 pinturas pré-seleccionadas em Angola, de 27 artistas a residirem no país e dois na diáspora, vão mostrar e “explicar”, através das imagens e em diferentes nuances, a importância do mar e a sua ligação com os angolanos.
“Fizemos um cronograma de trabalho, que obedece a cinco ou seis exposições colectivas e a uma individual, de Eleutério Sanches, que terminou dia 15. A ideia desta rotatividade é mostrar, com o maior número possível de quadros, substituídos quinzenalmente, a criatividade e tendências dos artistas nacionais, sobre vários pontos de vista”, explicou. Tozé considerou que, apesar de algumas obras não se encaixarem na temática da Expo, “A vida nos oceanos e nas costas oceânicas”, foram escolhidas por representarem aspectos fundamentais da cultura angolana. “São quadros que conseguem espelhar um pouco mais os traços singulares da tradição nacional e o seu papel e influência na vida dos angolanos”, explicou.
Encontrar o contemporâneo
O artista considerou as Belas Artes como um dos maiores veículos de divulgação e valorização da cultura de um povo, por rebuscar nos aspectos ancestrais a fonte de inspiração para as novas criações.
Para Tozé, o facto de a arte ser renovável, por si mesma, e procurar constantemente ir de encontro ao contemporâneo, sem descurar o passado, permite ao artista ter mais meios de difundir a cultura e a tradição de um povo, assim como transmiti-la à nova geração e levá-la além-fronteiras.
No entanto, defendeu que é preciso existirem novas correntes artísticas, “porque a pintura é diferente das outras artes, é dinâmica e precisa de ser acompanhada regularmente, de acordo com a evolução das coisas”.
Actualmente, disse, entre os criadores angolanos é difícil distinguir se já existe uma nova tendência, ou são apenas novos artistas.
“Como artista, felizmente para mim, a arte em Angola já é valorizada. Hoje já vêem o artista plástico da mesma maneira que vêem os músicos e compram os seus produtos. Mas, mesmo assim, a arte continua a ser um movimento restrito e elitista e, desta forma, claro, a classe que frequenta os espaços de venda desta arte é muito reduzida e não se nota. Mas, mesmo assim, já sentimos uma valorização daquilo que é o produto artístico nas artes plásticas”, defendeu.
Tozé destacou que apesar de não estar realizado se sente feliz, por ser um dos poucos que consegue viver da arte e faz desta expressão artística a sua forma de subsistência.
“Apesar de ainda não estar realizado, para mim só é um verdadeiro artista aquele que sabe gerir a sua carreira profissional. Existem artistas que além de pintarem são funcionários de alguma instituição. Não os considero cem por cento artistas, porque vivem do salário institucional e acabam por fazer das artes plásticas um trabalho extra”, rematou.