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    Portugal: Maioria da população quer um novo Governo, diz Mário Soares

    O ex-Presidente da República Mário Soares felicitou terça-feira os médicos pelo “exemplo extraordinário” da greve da semana passada e defendeu que “a maioria da população está a reclamar” um novo Governo em Portugal.

    Numa palestra na Ordem dos Médicos sobre o futuro da Europa, o antigo chefe de Estado e fundador do PS elogiou os profissionais de saúde pela participação na greve em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “uma das conquistas mais importantes na normalização democrática após o 25 de Abril”.

    “Perceberam bem todos o que estava e está em jogo, salvar ou não salvar o SNS, que está ameaçado”, afirmou.

    Para Soares, os médicos “deram-nos um exemplo extraordinário e obrigaram o ministro da Saúde a voltar ao diálogo e a dar o dito por não dito”.

    “As pessoas e a cidadania contam muito mais do que os números e o dinheiro”, disse, referindo-se depois à crise europeia e terminando a sua intervenção de abertura citando o sociólogo francês Alain Touraine.

    “A Europa vai mal, mas não houve até agora a catástrofe, a Europa pode sair da crise com a condição de crer em si mesmo”, citou Mário Soares, que defendeu depois uma resposta com “outro e melhor Governo, como a maioria da população está a perceber e a reclamar”.

    Durante o seu discurso, o socialista teceu duras críticas ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho, que apontou como “um grupo ultraliberal” que “não valoriza as pessoas, nem os princípios, nem os valores”, e considerou que ao fim de um ano de mandato este se revelou “uma deceção”.

    “Ao cabo de um ano os resultados são desastroso e estão à vista de todos, a economia parou, a regra é a recessão sempre a aumentar, o flagelo do desemprego tem vindo a subir sempre, tudo aponta para que venha a aumentar mais ainda”, criticou Soares, acrescentando que “o Estado não perdeu as suas gorduras” e, “pelo contrário, o objetivo parece ser tao só arrestar o Estado social e o mundo do trabalho e a classe média”.

    O fundador do PS acusou ainda o atual Governo de provocar a “emigração dos licenciados e dos mais dotados” e de destruir “todo o esforço feito na ciência e no desenvolvimento feito pelo anterior ministro Mariano Gago”.

    “Não é só no futebol que temos ‘ronaldos’, também nas artes, na ciência e na cultura, mas é isso que o atual Governo está a fazer ao dizer ‘pffft’ emigrem, então estas pessoas conseguem fazer coisas importantíssimas e agora vão para outro país? Isso é uma coisa de uma estupidez sem nome, se há gente a conservar em Portugal são os que tem condições para desenvolver o país”, criticou.

    Mário Soares disse ainda que “há muita propaganda” e “interesses” contra o Serviço Nacional de Saúde (SNS) passado por pessoas sem “boa-fé” e “sobretudo os que mandam na comunicação social”.

    “O grande ataque ao SNS é que não é sustentável, bem, mas se eles forem bem apertadinhos eles vão ver que é sustentável”, afirmou com humor, gerando risos e fortes aplausos na plateia presente no auditório da Ordem dos Médicos.

    ‘Licenciatura relâmpago’ de Miguel Relvas “é inaceitável”

    Em declarações aos jornalistas no final da palestra, Mário Soares afirmou que o caso da licenciatura do ministro Miguel Relvas “é impensável” e “inaceitável para qualquer pessoa de bem” e um motivo de “grande descontentamento” da população portuguesa.

    “Há muita coisa, basta ver o que se está a passar a propósito do Relvas e do não Relvas para ver que o Governo não está bem a saber o que está a fazer e as pessoas têm esse sentimento”, afirmou.

    Soares defendeu que o desgaste do executivo PSD/CDS-PP “é uma evidência” e apesar de não se pronunciar sobre se Miguel Relvas tem condições ou não para continuar no Governo, considerou “que é difícil”.

    “Eu não sei classificar [este caso] porque para mim é uma coisa impensável, tirar um curso sem lá ir e ainda por cima depois vangloriar-se não é possível, para mim não é possível”, declarou.

    Para Mário Soares, a licenciatura atribuída pela Universidade Lusófona a Relvas “é uma coisa que é inaceitável para qualquer pessoa de bem”.

    FONTE: Expresso

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