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    Síria: Damasco nega ter havido um massacre de 200 pessoas em vila síria

    As autoridades sírias reagiram azedamente às acusações feitas pelo enviado especial da ONU e Liga Árabe, Kofi Annan, de que as forças governamentais usaram artilharia pesada no ataque a Tremseh, em violação do plano de pacificação para o país, avaliando-as como “apressadas”.

    Admitiram porém, e pela primeira vez, que houve vítimas civis no que Damasco descreve como uma operação militar contra a rebelião que se opõe ao regime do Presidente, Bashar al-Assad. Os observadores internacionais no terreno avalizaram que aquele ataque visou posições rebeldes na vila.

    “A equipa das Nações Unidas pôde observar que a operação teve por alvo casas de militantes rebeldes e desertores [do exército sírio]. Havia poças de sangue em algumas casas, e também muitos cartuchos de munições”, reportou a porta-voz da missão, Sausan Ghosheh, depois de os observadores terem estado na vila duas vezes no fim-de-semana.

    Os observadores reportaram também que “uma escola ficou incendiada e muitas casas destruídas, com indícios de incêndios e tiros de artilharia, morteiros e de armas ligeiras”. Ghosheh insistiu que permanecem incertezas quanto ao número de vítimas em Tremseh, onde a oposição a Assad e activistas dizem ter havido um massacre.

    Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos morreram entre 100 e 220 pessoas, em alguns casos famílias inteiras, no ataque das forças governamentais a Tremseh, entre quinta-feira e sexta-feira. O grupo relata que o exército esteve horas a bombardear, e depois avançou a milícia Shabiha, que começou a executar pessoas sumariamente, com tiros na cabeça. Um grupo de 17 pessoas, incluindo mulheres e crianças, terão morrido quando fugiam dos bombardeamentos.

    Mas o Governo sírio recusa todas estas alegações, tendo frisado que o balanço de mortos em Tremseh foi de “37 terroristas”, usando a terminologia do Governo para se referir aos combatentes da rebelião, “e dois civis”. Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros rejeitou também as alegações de que foram usadas armas pesadas.

    “As forças do Governo não usaram aviões, nem helicópteros, nem tanques ou artilharia. A arma mais pesada usada foram RPG [granadas lançadas por rockets]”, asseverou Jihad Makdissi, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Walid al-Moualem, ter recebido uma carta de Kofi Annan, em que este condenava que o regime voltasse a usar armas pesadas e helicópteros de combate contra as populações civis.

    “O que aconteceu não foi um massacre, mas sim uma operação militar. O mínimo que pode ser dito do que esta carta afirma sobre o que se passou em Tremseh é que não se baseia nos factos. Tão diplomaticamente quanto nos é possível, afirmamos que a carta foi feita de forma apressada”, declarou Makdissi.

    Guerra civil total

    O Comité Internacional da Cruz Vermelha considera agora o conflito na Síria uma guerra civil total, querendo dizer que a lei humanitária internacional se aplica em todo o país.

    A lei humanitária internacional estabelece, no fundo, regras de guerra – que tipo de força pode ser usada e em que circunstâncias – e a sua violação pode depois constituir crime de guerra.

    Antes, a Cruz Vermelha considerava que havia um conflito armado em alguns locais como Idlib, Homs e Hama. Mas um porta-voz da Cruz Vermelha afirmou que a situação mudou: “Estamos a falar agora de um conflito armado não internacional no país”, disse Hicham Hassan.

    Através do Crescente Vermelho, esta é a única organização humanitária capaz de operar no terreno na Síria. Mas o seu presidente do CICV, Jakob Kellenberger, queixava-se recentemente de que os seus funcionários não podem entrar livremente nas casas das pessoas por causa dos perigos constantes.

    FONTE: Público

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