A nomeação do argentino Cláudio Dalla Zuanna para arcebispo da Beira, segunda cidade de Moçambique, está a causar “mau estar” em círculos católicos, revela hoje o semanário Domingo, de Maputo.
Cláudio Zuanna, 53 anos, com atividade em Moçambique desde 1985, foi nomeado pelo papa Bento XVI para o importante cargo de arcebispo da Beira, desempenhado até janeiro deste ano por Jaime Gonçalves, que renunciou por ter atingido o limite de idade.
Segundo o Domingo, próximo do governo, a nomeação do religioso argentino deixou perplexos muitos católicos que alegam “não fazer sentido que Bento XVI nomeie alguém de fora quando dentro da igreja há muitos padres com formação teológica e técnica relevante”.
Um dos candidatos, não assumido, ao cargo era João Carlos Hatoa Nunes, bispo auxiliar de Maputo, que, até agora, substituiu Jaime Gonçalves.
“Podemos perguntar as razões pelas quais um estrangeiro foi eleito, não um nacional. Mas esta é uma mera pergunta, não podemos decidir”, admitiu o chefe do departamento de Assuntos Religiosos do Ministério da Justiça, Arão Litsuri, citado pelo jornal.
A liderança católica da Beira tem sido a mais sensível do país, ainda desde o tempo da administração portuguesa, quando o então bispo Sebastião Soares de Resende assumiu posições frontais contra o colonialismo.
Após a independência, o novo bispo, Jaime Gonçalves, manteve relações tensas com o governo da Frelimo e tornar-se-ia num dos negociadores dos acordos de paz assinados em 1992, em Roma, entre o partido no poder e os rebeldes da Renamo.
FONTE: Lusa
