A empresa cabo-verdiana de produção e abastecimento de água e energia perde atualmente 37 por cento da eletricidade que gera devido a avarias técnicas, roubos e falta de pagamento, revelou hoje o presidente do conselho de administração da Electra.
Alexandre Fortes lembrou que as dívidas à Electra ascendem a quatro milhões de contos (36,2 milhões de euros) e sublinhou que 25 por cento é da responsabilidade das câmaras municipais, salientando os esforços na restruturação da empresa, quer no setor comercial, quer na fiscalização das zonas com mais perdas.
Falando aos jornalistas durante uma visita do ministro do Turismo, Indústria e Energia cabo-verdiano, Humberto Brito, às infraestruturas de água e energia na Cidade da Praia, Fortes admitiu que 12 por cento das perdas provém da má qualidade da rede e os restantes 25 por cento por roubos e incumprimentos no pagamento.
“Há uma parte provocada pela ineficiência da Electra, mas a maioria das perdas passa pelas ligações ilegais e pela falta de pagamento das faturas”, disse, salientando que tal afeta o desempenho da empresa que, em média, precisa de 25 mil contos diários (226,7 mil euros) em combustível para o funcionamento das máquinas.
Confrontado com os apagões que assolam sistematicamente a capital de Cabo Verde, Fortes afirmou ter consciência de que há ainda muito a fazer, pois trata-se de um problema “complexo”, que envolve consumidores, Governo, legisladores e os tribunais, onde se encontram “parados” mais de 5.000 processos contra clientes.
Humberto Brito, por seu lado, garantiu que o problema de falta de água e energia em Cabo Verde, nomeadamente na ilha de Santiago, ficará resolvido ainda este ano, lembrando que a empresa está a ser reestruturada e que os investimentos em curso de 42,4 milhões de euros vão ajudar a ultrapassar os problemas de produção e distribuição.
Relembrando que a Central Única de Santiago está a funcionar desde fevereiro e que se encontra na fase final dos testes, razão pela qual persistem os cortes, Humberto Brito afirmou que, até ao fim do mês, a produção e distribuição estará normalizada.
Em curso, sublinhou, está a instalação de mais duas unidades de 10 megawatts, que vão permitir à Electra ter uma potência de 32 megawatts (MW) até 2019, o que irá responder à demanda do mercado da ilha de Santiago, que alberga a capital do país.
No que diz respeito à água, igualmente com os vários projetos em curso, a Cidade da Praia começará a ser abastecida, no início de 2013, com 16.000 mil metros cúbicos diários, o que, a par de reparações nas canalizações, permitirá satisfazer as necessidades da população da capital de Cabo Verde e da ilha de Santiago.
A Cidade da Praia conta com cerca de 135 mil habitantes, quase metade do total da ilha de Santiago (260 mil). Cabo Verde tem cerca de meio milhão de habitantes.
FONTE: Lusa